por: CNN Brasil V&G

Daniela Filomeno indica 10 restaurantes pelo Brasil que valem a viagem

De norte a sul, a apresentadora do CNN Viagem & Gastronomia e grande apoiadora do turismo nacional elenca casas que sozinhas já são motivo de sobra para que peguemos um avião

Origem, de Salvador, é um dos restaurantes na lista dos melhores da América Latina e um delicioso convite para provar sabores baianos de maneira totalmente fora do óbvio
Origem, de Salvador, é um dos restaurantes na lista dos melhores da América Latina e um delicioso convite para provar sabores baianos de maneira totalmente fora do óbvio Leonardo Machado Freire

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia

De norte a sul e de leste a oeste, sabemos que o Brasil carrega uma diversidade geográfica, cultural e histórica como nenhum outro lugar no mundo. E tais riquezas se refletem diretamente em nossa gastronomia.

A pluralidade de sabores e de saberes de nosso país fica ainda mais clara à medida que viajamos pelo Brasil.

Frutos são exaltados, peixes frescos são trabalhados com esmero e cuidado e, cada vez mais, os vegetais ganham seu merecido destaque nos cardápios de casas concorridas.

Junte estes insumos a temperos saborosos, toques contemporâneos e receitas que passam de geração a geração e temos uma pista dos esforços que têm colocado nosso país no mapa mundial da boa gastronomia.

Além dos restaurantes sintetizarem toda uma região ou parte de uma cultura em seus cardápios, a mágica acontece também pelas mãos de chefs talentosos, que transformam o alimento com uso de muita criatividade e ajudam a jogar luz às nossas raízes.

Com isso em mente, faço a seguir um breve compilado de alguns dos restaurantes espalhados pelo Brasil que valem a viagem.

São nomes que aparecem inclusive em listas de melhores do mundo e da América Latina, mas, no geral, são casas que nos transportam para outras realidades por meia da comida, das bebidas e de seus serviços.

Boa viagem e bom apetite!

Origem (Salvador)

O Origem, comandado pelos chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, é o único restaurante do norte e nordeste na seleta lista das 100 melhores casas Latin America’s 50 Best Restaurants. 

Motivo de muito orgulho para nós, brasileiros, já que tudo por lá é pensado nos mínimos detalhes para uma viagem refinada aos sabores e encantos baianos.

Da trilha sonora até decoração, o Origem é lugar de se sentar sem pressa – como a Bahia pede – numa das mesas da casa e se deixar levar no menu-degustação de 13 etapas que conta a história de batalhas e sucesso do casal.

Inclusive, o Origem foi o primeiro restaurante de Salvador a servir menu-degustação, o que foi uma quebra de barreiras em uma cultura que está tão acostumada com porções para serem compartilhadas.

O menu atual é chamado de “Eu vim da Bahia” e é um passeio completamente diferente e saboroso por ostras, peixe curado, lagosta, aratu, vatapá, camarão, black angus e, claro, o arroz de Fabrício e os doces impecáveis da Lisiane.

Afinal, a história do casal começou com os dois vendendo o famoso arroz nordestino e o bolo de pote da Lisi em feiras de rua da cidade. Só isso já é motivo de sobra para pegar o avião até Salvador, não?

Restaurante Origem: Alameda das Algarobas 74 – Caminho das Árvores – Salvador, BA / Tel.: (71) 99202-4587 / Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 19h às 23h.<

Restaurante Manga (Salvador)

O Manga, localizado em um casarão no coração do Rio Vermelho, traz uma nova proposta gastronômica autoral para o público da capital baiana. Inaugurado em 2018, a dupla Katrin e Dante Bassi – ela alemã e ele baiano – oferece aos comensais uma experiência completa, tendo como sugestão principal o menu-degustação servido em 11 etapas.

Além disso, há bar e terraço com drinques assinados por Jean Ponce. 

A cozinha da casa explora de forma criativa os melhores produtos disponíveis em seus melhores momentos, em que os chefs primam pela valorização de alimentos orgânicos e de processos feitos na casa, como a arte da charcutaria, com presunto, língua defumada, lardo, terrines e outros embutidos feitos ali.

Restaurante Manga: Rua Professora Almerinda Dultra, 40, Rio Vermelho – Salvador, BA/ Tel.: (71) 3506-2744; WhatsApp (71) 99143-1310 / Horário de funcionamento: quarta e quinta das 19h às 22h30; sexta e sábado das 12h30 às 15h e das 19h às 22h30; domingo das 12h30 às 15h. 

Remanso do Peixe (Belém do Pará)

Camarões empanados na tapioca é uma das entradas imperdíveis da casa / Reprodução/Instagram

Situado no fim de uma vila, o simples restaurante colorido aberto por seu Chicão, como é conhecido o pai do famoso chef Thiago Castanho, é uma referência na capital paraense com foco em peixes e caldeiradas.

Interessante é que o local era uma residência familiar que virou de fato um restaurante, como podemos notar a estrutura desde o lado de fora. O cardápio já começa com sugestões de bebidas, incluindo caipirinha sabor cupuaçu e jambu sour, drinque à base de suco de limão e cachaça de jambu.

Uma vez à mesa não podem faltar os clássicos camarão empanado na tapioca como porção de entrada e ainda a moqueca paraense do seu Chicão, receita que está há mais de 20 anos no cardápio criada pelo patriarca da casa. As caldeiradas também são boas escolhas, com tamanhos para uma, duas e até três pessoas.

Para arrematar, as sobremesas também merecem destaque: tiramisù de bacuri, clássico pavê italiano de café com toque desta que é uma das frutas mais populares do Norte, e pavê de cupuaçu com farofa de chocolate do combu, cujo chocolate vem da produção artesanal da Ilha do Combu, estão entre as pedidas saborosas.

Remanso do Peixe: Conjunto Celso Malcher, casa 64, na Travessa Barão do Triunfo, 2590, Marco – Belém, PA / Tel.: (91) 3228-2477 / Horário de funcionamento: terça a sábado das 11h30 às 15h e das 19h às 22h; domingo e feriados das 11h30 às 15h30.

Caxiri (Manaus)

Um dos restaurantes mais emblemáticos de Manaus, o Caxiri fica ao lado do impressionante Teatro Amazonas, com janelões com vistas diretas para a construção rosada, e é palco para a chef Débora Shornik nos apresentar o melhor da cozinha amazônica.

Quando olhamos com mais atenção para esta gastronomia vemos que não são apenas peixes que possuem protagonismo: as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) também são um pilar local importantíssimo – e é na casa comandada por Débora que isso fica mais evidente.

Paulista de coração manauara, a chef serve o que chamo de uma gastronomia de sensações: é uma cozinha simbiótica ligada à natureza, já que é ela quem nos diz o que vai ser colocado à mesa.

A casa tem plantas suspensas no teto e paredes de tijolinhos aparentes, em que o nome deriva de uma bebida da mandioca extraída por mulheres.

Aqui, não deixe de experimentar as unidades do bolinho de tambaqui com cupuaçu agridoce e arubé, o lombo de tambaqui com abacaxi grelhado e macaxeira recheada com queijo coalho e também a salada de folhas verdes e PANCs.

Caxiri: Rua 10 de Julho, 495 – Centro, Manaus – AM / Tel.: (92) 98405-4769 / Horário de funcionamento: terça a domingo das 11h30 às 15h; e terça a sábado das 19h às 22h

Restaurante Manu (Curitiba)

Na lista dos 50 melhores da América Latina e fora do eixo Rio-SP, o Manu ajudou a colocar a capital paranaense no mapa gastronômico do país. Quem está por trás do feito é a chef Manu Buffara, que inclusive foi eleita a Melhor Chef mulher da América Latina em 2022.

Na casa no bairro do Batel, experimentamos uma verdadeira ode aos sabores brasileiros, já que a chef prioriza agricultura sustentável e o tempo de espera de cada colheita.

Assim, da cozinha saem pratos de inspiração familiar com características herdadas de seus pais – desde os primórdios no campo com o pai até os momentos à beira-mar com a mãe.

Com pouquíssimas mesas, o restaurante serve em média 20 pessoas por noite e apenas menu-degustação, em que cerca de 60% dos insumos são produtos vegetais – a carne bovina é evitada nas criações.

Assim, mar, horta e campo são ambientes que podemos ter um gostinho no prato junto de frescor e preparos técnicos apurados.

Vale dizer que, além de suas passagens no Noma, em Copenhague, e no badalado Alinea, em Chicago, a chef também aprimora seu papel com o Instituto Manu Buffara, que se debruça sobre projetos para alimentação saudável e inclusão social.

Restaurante Manu: Alameda Dom Pedro II, 317, Batel – Curitiba, PR / Tel.:(41) 3044-4395; WhatsApp: (41) 99275-8071 / Horário de funcionamento: quarta a sexta das 18h30 às 23h; sábado das 11h30 às 23h.

Oteque (Rio de Janeiro)

No Rio de Janeiro, o Oteque é daqueles restaurantes que colocam o Brasil no holofote mundial.

A casa em Botafogo do chef paranaense Alberto Landgraf carrega duas estrelas Michelin e figura atualmente na 12ª posição entre os 50 melhores da América Latina e na 47ª entre os 50 melhores do mundo.

Tais reconhecimentos não são por acaso: sua gastronomia tem como base um estilo naturalista, em que foca em vegetais, frutos do mar e peixes. Ao buscar os melhores ingredientes com técnicas modernas, os sabores naturais são bem realçados, o que comprovamos no menu-degustação, cujos ingredientes podem mudar diariamente.

Um aquário para ostras e outras conchas fica na casa, que tem amplo salão com pé direito alto, e são parte das criações. Bluefin, sardinha, e outros peixes e ingredientes fresquíssimos podem ser as escolhas do dia, em que os pratos trazem textura, acidez e temperatura perfeitas.

Ademais, a carta de vinhos tem tendência biodinâmica e harmoniza com toda a experiência memorável. Aqui, o refinamento está nos detalhes.

Oteque: Rua Conde de Irajá, 581, Botafogo – Rio de Janeiro, RJ / Tel.: (21) 3486-5758 / Horário de funcionamento: terça a sábado das 19h às 23h30.

Lasai (Rio de Janeiro)

A Cidade Maravilhosa também é lar de uma das casas mais inventivas e de vanguarda da gastronomia brasileira.

Falo do Lasai, tocado pelo chef Rafael Costa e Silva, que agora atende apenas um número restrito de comensais por noite – cerca de 10, de terça a sábado. Antes situado num casarão histórico em Botafogo, o restaurante tem sua nova fase servida num espaço bem mais íntimo no Largo dos Leões, no Humaitá.

Dono de uma estrela Michelin, o restaurante também figura no 78º lugar entre os 100 melhores restaurantes do mundo e no 20º entre os 50 melhores da América Latina.

Ao lado de sua mulher, a americana de família mexicana Malena Cardiel, o chef mantém a linha de cozinha contemporânea e oferece menus-degustação de 12 a 14 tempos – mediante reserva e pagamento antecipado – em que insumos de suas próprias hortas são protagonistas da maioria das criações.

As duas hortas, uma no Itanhangá e outra no Vale das Videiras, são as fontes de inspiração e de insumos para a casa, em que a sazonalidade intensifica a criatividade da equipe.

Lasai: Largo dos Leões, 35, Humaitá – Rio de Janeiro, RJ / Tel.: (21) 3449-1834 e (21) 3449-1854 / Horário de funcionamento: terça a sexta a partir das 20h e sábado às 19h e 22h30.

A Casa do Porco (São Paulo)

Vários são os reconhecimentos que confirmam que A Casa do Porco é um dos melhores restaurantes não só de São Paulo e nem do Brasil, mas sim do mundo inteiro.

É de se festejar que a dupla Jefferson Rueda e Janaína Torres Rueda colocou a cozinha caipira no centro da maior cidade da América do Sul e serviu ao mundo os sabores vindos do interior de São Paulo, mais especificamente dos porcos criados livremente com alimentação natural que chegam de São José do Rio Pardo.

Na esquina da Rua Araújo, na República, a movimentada cozinha da casa transforma o porco em criações nada óbvias e criativas, sendo uma experiência inesquecível para quem ama gastronomia.

Do menu, já estão imortalizados os clássicos sushi de papada de porco com tucupi negro e nori, o torresmo de pancetta com goiabada e a porcopoca, pururuca servida em saquinho de pipoca que faz as vezes do couvert.

O porco San Zé é a grande estrela: assado lentamente de 6 a 9 horas numa churrasqueira especial deixando-o supermacio. É servido sempre com acompanhamentos tipicamente brasileiros, como tartar de banana, salada de couve e feijão – meio caminho entre o tradicional e o tropeiro.

Além dos pedidos à la carte, a casa oferece experiência gastronômica de nove etapas que honra as comidas mais emblemáticas de países latino-americanos. “Nosso Sangue é Latino” tem porco caipira, frutos do mar, legumes e verduras orgânicas entre as etapas e traz ainda harmonização com coquetéis típicos e autorais, como caipirinha e mojito.

Além de todo o banquete que faz jus à fama, a casa é também uma atração por si só: a decoração é despojada, a cozinha é aberta e a coleção de porquinhos de cerâmica fica exposta ao público junto de outros tantos penduricalhos – o açougue da casa fica visível na vitrine da Rua General Jardim.

A Casa do Porco: Rua Araújo, nº 124, Centro – São Paulo, SP / Tel.: (11) 3258-2578 / Horário de funcionamento: segunda a sábado das 12h à 0h; domingo das 12h às 17h.

Evvai (São Paulo)

Aberto em 2017 com uma decoração moderna no bairro de Pinheiros, o Evvai tem por trás de suas mesas disputadas o jovem chef Luiz Filipe Souza.

Com passagens por Fasano, Girarrosto, Mozza Bar e Loi Ristorantino, ele assumiu a casa com 28 anos e ancorou sua cozinha na matriz italiana que o formou, mas com um toque diferente, já recusou a ser “mais um italiano tradicional” na capital.

Servindo apenas menu-degustação, a cozinha é chamada de “oriundi”, de base italiana, mas integrada à cultura e aos produtores brasileiros.

Modernos e com apresentações impecáveis, os pratos de Luiz Filipe têm estilo próprio ao provocarem e estimularem a criatividade do comensal, em que uma diversidade de sabores pipocam na boca.

Peguemos por exemplo a bomba de vieira, o spaghetti, o cabelinho de anjo, a pizza frita e a salada caprese, que parecem receitas simples e populares, mas que na casa são retrabalhadas de forma a parecerem obras de arte, onde o cuidado com os ingredientes e seus sabores são rapidamente notados por nós.

Não à toa a casa consta atualmente na 67ª posição entre os 100 melhores do mundo pelo 50 Best, angariando ainda o 14º lugar entre os 50 melhores da América Latina.

Para arrematar, os picolés pré-sobremesa da chef confeiteira Bianca Mirabili já se tornaram um clássico da casa, em que levam pistache e cupuaçu e são finalizados na hora com ingrediente surpresa. Spoiler: explode na boca!

Evvai: Rua Joaquim Antunes 108, Pinheiros – São Paulo, SP / Tel.: (11) 3062 -1160 / Horário de funcionamento: segunda a sábado das 19h às 22h30.

Mocotó (São Paulo)

Situado na Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, o Mocotó é um restaurante de comida sertaneja que acumula filas na porta.

Fundado como uma casa do norte em 1973 por José de Almeida, hoje quem fica no comando do espaço é seu filho, o chef Rodrigo Oliveira.

Por lá temos o encontro da cozinha sertaneja tradicional com a inovação proposta por Rodrigo, em que sua cozinha, como ele mesmo define, é feita com os olhos no mundo e os pés sempre firmados no sertão.

Fica fácil entender o porquê de tanto movimento na simpática casa: as caipirinhas perfeitas de cachaça casam muito bem com os dadinhos de tapioca (ícone da casa), assim como o torresmo e a bochecha de porco com pirão de tucupi de entrada.

Depois, carne de sol, dobradinha, moqueca sertaneja, joelho de porco, rabada com xerém de milho e tantas outras delícias nos transportam diretamente para o sertão sem que deixemos a caótica capital paulista.

A dica é chegar cedo para conseguir uma mesa –  ou também é possível curtir na própria fila um drinque com entradinhas nesse pedaço do sertão em plena São Paulo.

Mocotó: Avenida Nossa Sra. do Loreto, 1100, Vila Medeiros – São Paulo,  SP / Tel.: (11) 2951-3056 / Horário de funcionamento: segunda a sábado das 12h às 23h; domingos e feriados das 11h30 às 17h. 

Confira também nossa lista com os melhores restaurantes de SP.

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