Elegante e eficiente, metrô do Catar deu ‘show de bola’ durante a Copa do Mundo

Um dos sistemas mais avançados do mundo, o elegante metrô de Doha levará os torcedores aos seus destinos durante a Copa do Mundo de futebol de 2022

O sistema de metrô de Doha sem motoristas, visto aqui de uma cabine da classe Gold, é uma das redes de transporte ferroviário mais avançadas do mundo
O sistema de metrô de Doha sem motoristas, visto aqui de uma cabine da classe Gold, é uma das redes de transporte ferroviário mais avançadas do mundo Dimitris Sideridis

Dimitris Sideridisda CNN

(CNN) – É rápido. Dispensa condutores. Possui uma classe Gold para passageiros premium. E é um dos sistemas de metrô mais avançados já construídos no mundo.

Estamos falando do metrô de Doha, um sistema de transporte elegante que se encarregou de levar os torcedores aos seus destinos durante a Copa do Mundo de futebol que acontece no Catar.

Construída principalmente no subsolo e em toda a capital do país e seus subúrbios, a rede está em operação desde 2019. Trata-se de uma alternativa de transporte confiável em uma cidade em rápida expansão, na qual os moradores há muito dependem dos carros, e o trânsito fica frequentemente congestionado.

A primeira fase do projeto envolveu a criação de 37 estações, com três linhas (Vermelha, Verde e Dourada) que percorrem uma rede de 76 quilômetros.

Os trens de 60 metros de comprimento totalmente automatizados têm capacidade para 416 passageiros e são divididos em três seções: Standard, Family (para mulheres solteiras e homens ou mulheres viajando com crianças de 11 anos ou menos) e Gold (para portadores de um cartão de transporte chamado Goldclub).

Limpos e espaçosos, os trens podem atingir até 100 quilômetros por hora e são totalmente equipados com sistemas de câmeras internas e rede pública de wi-fi. Além disso, têm entradas USB para que os passageiros da classe Gold possam carregar telefones celulares e tablets durante a viagem.

Passado e futuro

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O metrô foi projetado para ser o pilar de transporte da primeira Copa do Mundo a ser realizada no Oriente Médio e no mundo árabe/Foto: Dimitris Sideridis

Todas as estações foram projetadas para representar uma visão de modernização e preservação, combinando características tradicionais da arquitetura regional com uma abordagem contemporânea.

“Era importante que o projeto se relacionasse com seu contexto, com a cidade de Doha e com o Catar”, disse Ben van Berkel, cofundador da UNStudio, um escritório de arquitetura holandês que se juntou ao Departamento de Arquitetura Ferroviária do Catar para criar as estações.

“Queríamos fundir o passado e o futuro do Catar em um gesto, então nos inspiramos em vários elementos arquitetônicos tradicionais do país – particularmente o arco – e ajustamos isso para criar o que chamamos de ‘espaços abobadados’”, continuou.

“Assim, enquanto os exteriores fazem referência à força monolítica da antiga arquitetura do Catar, os espaços interiores criam um efeito de luz, movimento e fluidez”.

Flexibilidade como meta

Embora as formas curvas e a iluminação fossem os principais elementos do design, manter uma identidade arquitetônica clara também era essencial.

Van Berkel disse que um dos principais desafios de um projeto totalmente novo dessa escala é “criar um design que possibilite coerência e individualidade”.

“Por um lado, é necessário criar pontos de reconhecimento em toda a cidade, enquanto, por outro, cada estação individual tem que ter sua própria escala, identidade e responder ao seu contexto específico”, explicou.

Os arquitetos resolveram isso por meio do uso de elementos e materiais comuns, incluindo exteriores de arenito sólido e interiores impressionantes com o brilho da madrepérola, uma homenagem à longa história do Catar como um importante centro de comércio e mergulho para coleta de pérolas.

Conceber um sistema padrão, mas adaptável, também possibilitou usar uma variedade de configurações, cada uma respondendo aos requisitos e tamanhos específicos das estações individuais.

“A escala da rede de metrô em Doha exigiu um planejamento cuidadoso a fim de cumprir um cronograma estrito e atingir o mínimo de interrupção na infraestrutura existente”, disse Van Berkel. “Por isso, a flexibilidade virou uma meta no design e planejamento em todos os níveis”.

Ramo principal

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A estação Msheireb é o centro da rede/Foto: Dimitris Sideridis

No centro de tudo está a estação Msheireb, a maior da rede. Ela serve para baldeação para as três linhas que passam por ela.

Vasta e elegante, a impressionante estação possui quatro níveis principais e uma profundidade de aproximadamente 40 metros. Depois de sua entrada iluminada, formas triangulares em arco adornadas com ladrilhos perolados em forma de hexágono conferem um aspecto futurista que se estende até os níveis da plataforma.

Os espaços internos luxuosos da estação também oferecem uma variedade de lojas. Já o exterior, modesto, é rodeado de bicicletários.

Do lado de fora, os passageiros e transeuntes também podem se maravilhar com um mural do artista Abdulaziz Yousef Ahmed, de Doha, intitulado “Reunião Familiar”. Trata-se de uma das várias peças de arte em exibição ao longo da rede, que inclui uma réplica da estátua grega “Cocheiro de Delfos” que os espectadores da Copa do Mundo encontrarão na chegada à estação de metrô do Aeroporto Internacional de Hamad.

Legado ecológico

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A estação Msheireb conecta todas as três linhas/Foto: Dimitris Sideridis

Os organizadores esperam que mais de um milhão de pessoas cheguem a Doha durante a primeira Copa do Mundo que será realizada no Oriente Médio e no mundo árabe, e o sistema de metrô foi projetado para ser seu pilar de transporte.

O sistema conecta diretamente o Aeroporto Internacional Hamad de Doha com cinco dos oito estádios que receberam os jogos da Copa.

Os organizadores dizem que o Metrô de Doha, junto com rotas de ônibus e trens elétricos de superfície, irá transportar os torcedores entre seus hotéis, estádios e as várias atrações turísticas da cidade.

“O sistema de metrô é eficiente, elétrico e utiliza sistemas de freios regenerativos que ajudam a reduzir a pegada de carbono”, afirmam os organizadores da Copa do Mundo no site oficial. “Além disso, todas as estações de metrô são projetadas e operadas com certificação de construção verde, garantindo suas credenciais ecológicas”.

Olhando para além da Copa do Mundo, as autoridades veem a expansão do Metrô de Doha como um componente de infraestrutura fundamental da Visão Nacional do Catar 2030 – o plano de desenvolvimento do país, rico em gás, para diversificar sua economia – que beneficiará as gerações futuras nos anos seguintes após a final do torneio entre França e Argentina.

“O legado que o transporte ecológico vai deixar é algo que será sentido por todos no Catar muito depois da Copa do Mundo”, disse Thani Al Zarraa, diretor de mobilidade do Comitê Supremo para Entrega e Legado do evento.

(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês).