Roteiro 48 horas: entregue-se às delícias de Búzios, no litoral fluminense

Gastronomia cosmopolita, hotelaria de charme e águas turquesa tornam o ícone da Região dos Lagos o balneário mais apetitoso do Rio de Janeiro

Insólito, um dos requintados hotéis de Búzios
Insólito, um dos requintados hotéis de Búzios @studio.cromo

Fernanda Meneguettido Viagem & Gastronomia

Fluminenses adoram a Armação de Búzios e atravessam os pouco mais de 160km que separam a cidade da capital recorrentemente, muitas das vezes, em silêncio, protegendo o seu tesouro. Dá até para entender, porém, seria injusto não dividir nossas descobertas nesse paraíso do litoral.

De São Paulo, são cerca de 500 km, mas é possível pegar um voo até o Rio de Janeiro e de lá fazer o trajeto de carro de cerca de 2h30. Excelente opção para curtir o Carnaval ou um dos muitos feriados que 2023 oferece. 

Confira a seguir um roteiro de 48horas em Búzios!

 

Dia 1

Considerando que as diárias se iniciam às 15h, uma alternativa é almoçar de bate e pronto em um hotspot. O Porto da Barra, passarela de restaurantes, bares e lojinhas que desfruta de vista mar e pôr do sol privilegiada, reúne comida italiana, portuguesa, árabe, brasuca, japonesa e até “latino-asiática”.

Definição incomum à parte, o Nami Gastrobar traduz os dois mundos em um menu inventivo e solar.

Katsu nami com atum fresco / Fernanda Meneguetti

Para além de bons ceviches, tacos e tiraditos, a cabana do chef João Ricardo Yoshida acena com sanduíches originais, capazes de garantir uma estilosa refeição praiana. Um deles é o katsu sando de atum fresco e suculento; outro, é o shrimp dog, com camarão grelhado no pão da casa.

Nos dois casos, a felicidade mora na combinação de pescados frescos com molhos secretos. Para acompanhar, vale apostar em saquê – seja em drinques como o com gim e infusão de yuzu, seja em um dos rótulos da carta especializada.

Antes do check-in dá tempo de dar uma passadinha no ateliê da Lu Rizzi. Inspirada na flora e fauna local, a artista cria pratos, cumbucas e outras cerâmicas para chefs de cozinha, dá aulas e expõe um pequeno acervo de utilitários à venda.

Chegada a hora de se instalar, a gama de hotéis é generosa, porém, é difícil não se deixar seduzir por duas suítes. Uma é a Insólito, no hotel homônimo. Com diárias a partir de R$ 1.080, ela conta com uma piscina de borda infinita e 4 metros de profundidade.

Piscina com borda infinita do elegante Insólito, em Búzios / Renan Blaute

Já o número 16 do Casas Branca, por cerca de R$ 3.000, esconde uma piscina e uma varanda panorâmica. Confortáveis, caras, bem equipadas, com bons amenities e mimos como espumante e
brigadeiros de boa noite, elas são o puro luxo! Fosse pouco, valorizam-se ainda mais graças às estruturas de suas respectivas hospedarias. A começar pelos spas, um debruçado sobre o mar, o outro com chás especiais e jacuzzi gigante.

Quarto com vista mar do Casas Brancas / Divulgação

Quanto aos diferenciais, na primeira, o hóspede conta com um banquete matinal, mais duas piscinas, uma prainha privada e estrutura na Praia da Ferradura. Na segunda, há uma piscina de pedra e provavelmente o melhor restaurante local, o 74, onde o chef argentino Gonzalo Vidal exerce seu ecletismo em liberdade.

Vai daí que, pernoitando por ali ou não, este será o local do jantar. Afinal, você merece provar os crudos do dia, talhados no capricho, assim como maluquices tentadoras. O bolovo de camarão com maionese de coentro é um exemplo; o tirashi buziano, com gohan quentinho e coberturas como olhe-te, xaréu, ovas de dourado e de namorado, polvo, gema curada e vinagrete de nirá, outro.

Pratos do restaurante 74, dentro do hotel Casas Brancas / Tomas Rangel

Dia 2

Por mais incerta que pareça, a fome ao despertar será bem-vinda – os folhados, pães de longa fermentação e embutidos de Gonzalo ou os pães de queijo e toasts do Insólito confirmam! Ela também vai garantir ânimo para quem partir ao mar. Se cabe um aviso, as águas são frias, mas é isso que garante a qualidade da pesca da região.

Dito isso, os cenários impressionam. Entre eles, as praias da Azeda e o da Azedinha, o do Forno, o da Foca e o da Tartaruga, que dispensam barco.

Agora, se o excesso de deliciosidades não for um empecilho, nada se compara às belezas (sobretudo comestíveis) da Praia Brava. Paraíso histórico de surfistas e, de uns tempos para cá, de gourmands. A culpa? Do Rocka, um beach club rústico-chique. Ou melhor, a responsa é toda de Gustavo Rinkevich.

O único lugar-comum é o fato de ele ser mais um argentino nesse antigo oásis hermano, pois na cozinha nenhuma empanada e nenhum assado entregam sua origem. Em contrapartida, a comida festiva denuncia seus anos em Ibiza, ao passo que a sofisticação das receitas revela a bagagem ao lado de chefs estrelados, como Mauro Colagreco.

Com sotaque particular, Gustavo faz as próprias massas e charcutaria, tempera ostras com espuma de moqueca, interpreta ceviche com tucupi, sublima salada com lagosta e mandioquinha e, invariavelmente, respeita as épocas das hortas e das marés, os pontos e as individualidades dos ingredientes.

Se resistir à gula é em vão, uma estratégia é transformar mergulhos em aliados. Afinal, sem eles corre-se o risco de desperdiçar o jantar, o que o simpático Felix Sanchez não perdoaria.

Sua fala pode dar margem à confusão, mas o chef do Místico não vem do país de Maradona, é chileno orgulhoso e, mais do que tudo, apaixonado pelo Brasil. Nesse sentido, concilia técnicas clássicas da cozinha internacional a sabores que tropicalizaram seu coração e que explicam o linguado buziano com purê de banana da terra e vinagrete de quiabo, a lagosta com texturas de palmito e molho de maracujá e os camarões com cachaça e melado de cana.

Polvo mediterrâneo do Místico / Divulgação

Sem querer provocar, uma caminhada ajudará a digestão, mesmo que ela suscite o desejo de uma saideira… Para quem deixar acontecer naturalmente, o Belli Belli GastroBar terá movimento e coquetéis com assinatura do premiado mixologista Marcelo Serrano.

Dia 3

Não é porque a partida se aproxima que o dia está perdido! É verdade que madrugadores terão mais tempo para curtir praia e piscina ou vice-versa, mas até o meio-dia dá, sim, para dividir o tempo entre águas calmas e a derradeira comilança.

Pain au chocolat da Balthazar Bakery / Reprodução Instagram

Aliás, uma dica é adiar o café da manhã o máximo possível e convertê-lo em um brunch – o que não apenas evitará paradas na estrada quanto evitará exageros nas compras na Balthazar, a padaria de um casal sueco que arrasa na fermentação natural e na produção de viennoiseries, bolos e geleias.

Assim acaba com chave de ouro seus dias gastronômicos no paraíso fluminense!