Complexo em Portugal é diversão garantida para amantes de vinho

Novidade cultural no Porto, World of Wine (WOW) possui sete museus, doze restaurantes e as vistas mais privilegiadas para cartões-postais da cidade

Uma das instalações do WOW, complexo que é um verdadeiro quarteirão cultural em Porto
Uma das instalações do WOW, complexo que é um verdadeiro quarteirão cultural em Porto Saulo Tafarelo

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Porto, Portugal

Vinho, chocolate, boa gastronomia, construções históricas e tradição. Pegue o que Portugal tem de melhor, junte tudo isso num impressionante complexo cultural de 55 mil metros quadrados de área construída e você terá o World of Wine Porto (WOW), novidade bem-vinda na cidade portuária no norte do país.

Batizado como um “quarteirão cultural”, o WOW já induz pelo nome: seja pelas melhores vistas para Porto, pelos sete museus interativos com acervos riquíssimos ou ainda pelos doze restaurantes, que servem desde a típica francesinha até pratos rebuscados da cozinha contemporânea, em algum momento os visitantes abrem a boca para soltar um singelo “uau”.

Situado em Vila Nova de Gaia, do outro lado do Rio Douro, o projeto de cerca de 100 milhões de euros foi inaugurado em julho de 2020, em meio à pandemia, mas tem sido melhor aproveitado neste momento de abertura das fronteiras – já que Porto recebe muitos turistas brasileiros, ingleses, estadunidenses e franceses, além dos próprios portugueses.

Apesar dos atrativos culturais abrangerem várias áreas e indústrias de Portugal, a alma vínica está presente em todos os cantos. Fora a praça central, todo o complexo ocupa antigas caves de vinho do Porto, que foram remodeladas para receber as atrações e não perderam seu formato característico em “V” invertido.

As caves pertenciam à Taylor’s, marca do grupo que opera o WOW e que possui um armazém para visita e degustação na mesma rua do complexo, região da zona histórica do vinho do Porto. Lojas temáticas, fábrica de chocolate, Escola de Vinho e espaços para eventos completam os atrativos, em que o complexo pode ser melhor aproveitado num roteiro de um dia inteiro.

Como os terrenos na região são desnivelados, escadarias e charmosas vielas ligam os principais restaurantes e aparatos culturais do WOW, que, como um pequeno bairro, tem acesso livre – mas as entradas nos museus e experiências são pagas.

Os museus são familiares e lúdicos, assim como refletem a riqueza cultural de todo o Porto e oferecem uma opção fresca aos turistas. E fique tranquilo: os stories do Instagram e as pesquisas na internet contam com a ajuda de Wi-Fi gratuito de alta velocidade em todo o complexo.

A seguir, conheça os principais pontos do que ver e fazer no WOW Porto:

Atrações para os amantes de vinho

A tradição e a localização numa das regiões vínicas mais conhecidas do mundo pesaram a favor de espaços totalmente dedicados à bebida no WOW, o que ajuda a fortalecer o enoturismo em Portugal. É o caso do The Wine Experience, museu de dois andares totalmente dedicado ao vinho (não somente do Porto) que, de maneira didática, faz com que o visitante aprenda desde os estágios de crescimento da uva até as diferenças do vinho já na garrafa.

Prático, o museu brinca com os cinco sentidos dos visitantes ao mostrar representações de diferentes tipos de solo e ao desafiá-los a descobrir certos aromas. O melhor de tudo? O ingresso de 17 euros dá direito a uma prova de vinho no final da experiência.

Outro espaço dedicado à bebida é o Pink Palace, mas com uma diferença: é “instagramável” e inteiramente destinado ao vinho rosé. Isso quer dizer que em cada um dos cinco ambientes é possível degustar um rótulo de rosé e se entreter com fotos para as redes sociais.

Os rótulos são predominantemente portugueses e há piscina de bolinhas rosas, um antigo carro conversível e até saloon do Velho-Oeste. A diversão é garantida com as doses de vinho e as decorações multicoloridas, mas lembre-se: beba água entre uma taça e outra.

Para além da bebida em si, o WOW também tem espaços dedicados àquilo que ronda o mundo do vinho. Atualmente, Portugal é o maior produtor e exportador de cortiça do mundo, onde cerca de 40 milhões de rolhas são produzidas por dia, segundo a Associação Portuguesa da Cortiça, o que explica o Planet Cork, museu inteiramente dedicado ao material.

Indústria forte no país, é interessante notar que o uso da cortiça vai além das rolhas: há desde roupas, sofás e até partes de foguetes usados em missões aeroespaciais com o material. Além de todo o conhecimento, jogos e máquinas garantem diversão: é possível subir numa balança e descobrir quantas rolhas correspondem ao seu peso, jogar um jogo interativo com o objetivo de fechar mais garrafas no menor tempo e ainda comprar uma rolha personalizada com seu nome por 1 euro.

Em diálogo indireto com o mundo do vinho, o WOW apresenta a The Bridge Collection, coleção particular de copos de Adrian Bridge, CEO do grupo Fladgate Partnership – dono do WOW, da Taylor’s, do hotel The Yeatman e negócios ligados ao vinho do Porto, turismo e distribuição.

Com o objetivo de contar a história da humanidade por meio dos copos e recipientes, a coleção de dois mil itens impressiona: a peça mais antiga é uma vasilha japonesa neolítica de 8 mil anos atrás e há até uma seção com copos radioativos feitos com vidro de urânio (que não são nocivos).

Se a libação toma os rumos de maior parte dos atrativos culturais, ou seja, o ato prazeroso e ritualístico de beber vinho, é na Escola do Vinho que a parte educacional entra com mais vigor. Com salas e cozinhas, ela serve diferentes públicos: curiosos, conhecedores e profissionais entram aqui com o propósito de aprender e a desmistificar o vinho de uma forma agradável e didática.

Cursos, workshops, harmonizações e formações temáticas para profissionais são realizadas na instalação, além de, claro, degustações. Os valores dependem do curso e das categorias – workshops de vinhos internacionais também serão introduzidos futuramente.

Todo envolvimento com a temática do vinho levou o World of Wine a ganhar o “Special Achievement Award” do concurso Best of Wine Tourism em 2022, prêmio que celebra projetos especiais do mundo vinífero pela inovação no setor do enoturismo. Anteriormente, apenas o La Cité du Vin, a “cidade do vinho” em Bordeaux, na França, havia recebido a distinção.

Além do vinho: chocolates e moda

Já mais próximo do nível do Rio Douro fica o The Chocolate Story, maior museu do país nesta temática, cuja fachada branca abriga um museu e uma fábrica de chocolates da marca gourmet Vinte Vinte, que nasceu da construção do próprio museu.

Assim como a uva se transforma em vinho, aqui se entende como o cacau se transforma no chocolate, com suas peculiaridades e especificidades. O objetivo é trazer a abordagem do produto não só como uma barra, mas ressaltar toda sua história, desde os primórdios até a produção em larga escala.

Mas talvez o mais interessante seja o fato do Chocolate Story ser um museu vivo: além de mexer com os sentidos, onde se come cacau e se cheira diferentes variedades do fruto, os visitantes podem ver de perto a fábrica que funciona no meio do museu. A vivência dos dois ocorre ao mesmo tempo, e a fábrica é um exemplo de se mostrar a produção de forma autoexplicativa. A experiência toda é um verdadeiro passeio pela história e sabores do chocolate.

Pode-se ainda customizar o próprio doce e tentar pegar barrinhas em máquinas parecidas com as de bichinhos de pelúcia. Workshops também são oferecidos com o objetivo de trazer os sentidos à mesa: diferentes pedaços são experimentados junto de vinhos, e as nuances entre aroma e sabor são ressaltadas. Curiosidade: numa prova deve-se colocar o chocolate na boca e esperá-lo derreter, ao contrário de mastigá-lo.

Se o ramo de alimentos e bebidas ganha os holofotes, é vez da moda portuguesa também ter seu lugar no complexo. Indústria importante para o norte de Portugal, a moda no museu é dividida em dois andares: o primeiro foca no ramo têxtil em geral e o segundo na cena fashion do país.

Nomes emblemáticos têm suas peças à mostra no Porto Fashion & Fabric Museum, onde marcas antigas e outras mais frescas ficam lado a lado. O final do museu desemboca em um corredor com lojas de designers de Porto e de Portugal.

Uma das curiosidades é que dentro do museu há uma capela restaurada de 1760, a Capela de Atkinson. Sabia-se da existência da capela, mas os trabalhos de instauração do museu revelaram afrescos antes nunca conhecidos do público, que agora podem ser conferidos de perto.

Por fim, a própria história da cidade do Porto é contada no Porto Region Across the Ages, ponto de partida para entender mais sobre o patrimônio histórico e cultural da “cidade invicta”. Conquistas, invasões, guerras e uma linha do tempo que levaram Porto a ser o que é nos dias atuais ficam à mostra, assim como é possível adentrar num ícone da cidade: uma réplica de um bondinho em tamanho real.

Culinária portuguesa

No meio de tantas opções culturais, a gastronomia também se destaca como um atrativo apetitoso no WOW. Os doze restaurantes e bares se dividem pelo complexo e focam, cada um à sua maneira, em técnicas e cozinhas diferentes – tudo harmonizado, claro, com vinho do Porto.

A começar pelo The Golden Catch, logo em frente à praça central, que é voltado para peixes frescos da extensa costa do país. Aqui, além do ceviche, da cavala e das vieiras de entrada, pode-se comer a cataplana, prato do sul de Portugal com peixe do dia, mexilhão, camarão e coentro servido num recipiente característico cor de cobre.

Se quiser uma culinária ainda mais tradicional, o T&C é a opção: da cozinha logo abaixo da Escola de Vinho saem pratos típicos no estilo “que toda família portuguesa faz e conhece”. Alheira e caldo verde são pedidas tradicionais de entrada, enquanto bacalhau, costela de vitela e a tradicional francesinha do Porto destacam-se entre os principais.

Mais casual, o Pip Restaurant apresenta sopas, saladas, pizzas de forno, hambúrguer e lasanhas em um ambiente semelhante a uma taverna. Dica: os pratos são muito bem servidos e podem ser compartilhados.

Caso queira um coquetel ao anoitecer, a pedida é o Angel’s Share, bar vínico com decoração elegante com um grande painel acima das prateleiras que remete a um anjo. É um local agradável para sentar no sofá e conversar com colegas enquanto bebe-se um Terracota – drinque autoral que leva whiskey irlandês, cacau, frutos vermelhos e eucalipto.

Num patamar acima, o 1828 impressiona pela qualidade, robustez e vistas para o Porto. Focado em cortes nobres, experimente uma bochecha de boi de entrada e depois escolha entre entrecôte, ribeye e até tomahawk junto de acompanhamentos – como os espargos grelhados e a batata sauté em gordura de pato. O conceito do restaurante relembra a guerra civil do país, com representações rústicas no teto e garçons com vestimentas que se assemelham à infantaria.

Preços e serviço

O acesso ao WOW é gratuito. As cobranças são feitas apenas para entrar nos museus, nos cursos da Escola de Vinho e no consumo de alimentos e bebidas nos restaurantes.

As entradas para os museus variam entre 17 e 25 euros para maiores de 13 anos. Como são vários aparatos culturais que podem ser visitados em um mesmo dia, os combos saem mais em conta: dois museus saem por 30 euros; três por 38 euros e cinco por 55 euros. Confira mais detalhes no site oficial.

O WOW Porto fica na Rua do Choupelo, 39, em Vila Nova de Gaia, com acesso via carro, ônibus, metrô e táxi no Rio Douro – ou a pé, caso queira atravessar o cartão-postal da cidade, a ponte D. Luís I, e apreciar a Porto de uma outra perspectiva.