Coronavírus: tudo que você precisa saber para viajar em meio ao surto da doença

Quem visita outros países precisa estar em alerta para o vírus, evitar áreas muito impactadas pelo COVID-19 e tomar medidas preventivas

Marnie Hunter

Da CNN

Com casos registrados em diversos locais do mundo, a disseminação do novo coronavírus deixa os turistas apreensivos. Há muitas informações desencontradas sobre a epidemia e as autoridades de saúde pedem cautela.

Os cidadãos que vão viajar a outros países devem estar em alerta para o vírus, evitar áreas muito impactadas pela doença e tomar medidas preventivas. Veja abaixo o que os turistas precisam saber para viajar em meio o surto do COVID-19.

Cancelamento de voos

As empresas aéreas de todo o planeta cancelaram voos em meio à epidemia do novo coronavírus, e muitas delas suspenderam aqueles com destino à China. Algumas companhias aéreas, como United, American Airlines, JetBlue e Delta, passaram recentemente a ser mais flexíveis com relação às reservas, cancelando taxas de alteração para alguns dias de março.

A United Airlines foi a primeira empresa aérea a cancelar seus planos de voos domésticos em razão de uma queda na demanda. Para o mês de abril, ela vai reduzir em 10% os voos nos Estados Unidos e no Canadá, e em 20% nos demais países, segundo um e-mail da companhia enviado aos funcionários e obtido pela CNN.

A Delta suspendeu os voos entre os EUA e a China até o dia 30 de abril. As linhas com destino ao Japão, Milão, na Itália, e Seul, na Coreia do Sul, também sofreram impactos, e as taxas para vários destinos afetados pela doença foram canceladas.

Outras companhias aéreas, incluindo British Airways, Lufthansa, Air France, Cathay Pacific, Qantas, Emirates, entre outras, tomaram decisões parecidas, suspendendo alguns voos.

No Japão, a Japan Airlines e a All Nippon Airways anunciaram que irão reduzir a quantidade de voos domésticos enquanto o país continuar registrando cada vez mais casos do vírus. Aqueles com viagens agendadas devem confirmar os voos com a linha aérea e buscar informações nos sites das empresas.

A epidemia do novo coronavírus causou um grande impacto no tráfego aéreo. A Associação Internacional de Transportes Aéreos informou que o crescimento mundial do número de passageiros em janeiro de 2020 foi o menor em quase uma década, subindo apenas 2,4% em relação ao ano anterior.

Higiene nas aeronaves

Algumas companhias aéreas aumentaram os esforços na área de higiene como forma de tentar conter a disseminação do novo coronavírus. “Em fevereiro, começamos a implementar uma técnica de nebulização altamente eficaz, usar um desinfetante registrado na Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) nos aviões que retornam da Ásia em Atlanta, Detroit, Honolulu, Los Angeles, Minneapolis/St. Paul, Portland e Seattle”, disse a Delta no site oficial.

A nebulização (limpeza por vapor) está sendo feita em todos as aeronaves que cruzam o oceano Pacífico, segundo a companhia aérea, e todos esses procedimentos estão sendo ampliados para mais voos internacionais, principalmente os que chegam aos EUA de países com casos confirmados de COVID-19.

Desinfetar ajuda, mas lavar frequentemente as mãos é uma das melhores formas de os turistas se protegerem do vírus, afirmam especialistas em doenças infecciosas.

Viajante usa máscara de proteção em aeroporto para se proteger de coronavírus
Viajante usa máscara de proteção no aeroporto de Guarulhos ao chegar em voo da Europa (27.fev.2020)
Photo: Amanda Perobelli/Reuters (27.fev.2020)

“Mesmo que o vírus esteja em objetos inanimados, ele não vai pular do assento e te morder no tornozelo”, disse William Schaffner, professor de medicina na divisão de doenças infecciosas da Universidade de Vanderbilt. “Você precisa tocar nele e, depois, em seu nariz ou boca. As mãos são um intermediário importante”, afirmou ele.

O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) recomenda lavar frequentemente as mãos com água e sabão por, pelo menos, 20 segundos. Quando isso não for possível, usar um desinfetante nas mãos com, ao menos, 60% de álcool na composição.

Precauções para cruzeiros

Em fevereiro, o navio de cruzeiro Diamond Princess foi colocado sob quarentena por duas semanas em Yokohama, no Japão. Mais de 700 pessoas foram infectadas com o COVID-19 na embarcação e ao menos cinco deles morreram.

O Diamond Princess será higienizado e inspecionado, e não realizará viagens até o dia 29 de abril, anunciou a empresa Princess Cruises.

Muitos cruzeiros que chegam ou saem da China e outros destinos asiáticos foram cancelados ou alterados, de acordo com o Cruise Critic, uma comunidade virtual voltada para os fãs dessa modalidade de viagem.

O Departamento de Estado dos EUA recomendou aos americanos que “reconsiderem viajar de cruzeiro para a Ásia ou dentro dela”. A pasta também alertou que os itinerários podem ser impactados por exames médicos ou outras medidas implementadas para prevenir a disseminação do vírus.

A Clia (sigla em inglês para a Associação Internacional de Linhas de Cruzeiro) emitiu novos protocolos para seus membros em um esforço para inibir a entrada da doença nos navios. Os membros da Clia têm permissão para “negar o embarque de todas as pessoas que viajaram, visitaram ou transitaram por aeroportos da Coreia do Sul, Irã, China, além de Hong Kong e Macau, e qualquer cidade da Itália que tenha estabelecido medidas de quarentena dentro de 14 dias antes do embarque”, segundo a organização.

Os funcionários também podem negar o embarque de pessoas que tenham tido contato com qualquer suspeito de estar com o novo coronavírus, e realizar exames antes do embarque.

Exames de turistas

No dia 1º de março, o presidente americano, Donald Trump, disse em sua conta no Twitter que viajantes a “países considerados de alto risco” passariam a ser submetidos a mais exames médicos.

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse que qualquer pessoa que viaje ao território americano em um voo da Itália ou Coreia do Sul passará por vários exames médicos antes de chegar ao país. O comentário foi feito durante uma coletiva na Casa Branca sobre o novo coronavírus no dia 2 de março.

As avaliações médicas já estão sendo realizadas nos EUA em todas as pessoas que voltam da China. Esses exames envolvem medir a temperatura e observar se o indivíduo apresenta sintomas.

Lavar as mãos é uma boa forma de defesa; as máscaras, não

O professor William Schaffner já foi questionado por várias pessoas que queriam saber se elas deveriam usar máscaras para evitar a contaminação. Ele explicou que a medida é culturalmente comum na Ásia, mas que o CDC não as recomenda para a população porque “a base científica que mostra que as pessoas que usam máscaras realmente têm algum benefício é muito pequena e questionável”.

Lavar as mãos para prevenir coronavírus
A melhor forma de prevenir a transmissão do novo coronavírus é lavar as mãos com água e sabão
Photo: Scottie Andrew/CNN (28.02.2020)

As máscaras de respiração mais justas podem ser usadas em ambiente médico, mas geralmente não têm efeitos para o público em geral, disse Schaffner. Manter uma boa higiene é a melhor defesa.

Alertas aos turistas

Diversos países do mundo têm emitido alertas aos turistas, pedindo cautela para viagens a determinados países e desencorajando a ida a outros. O alerta de viagem à China emitido pelo Departamento de Estado americano, por exemplo, está no nível mais alto – Nível 4: Não viajar.

Os turistas devem reconsiderar viajar à Itália ou Coreia do Sul, de acordo com a pasta, enquanto a ida a regiões específicas desses países, como Lombardia ou Vêneto, na Itália, e Daegu, na Coreia do Sul, não é aconselhada.

Atrações turísticas fechadas e eventos cancelados

Alguns museus em Milão, Paris, Japão e outros países fecharam temporariamente as portas para conter a disseminação do novo coronavírus. Os parques da Disney na Ásia e o Universal Studios no Japão foram fechados, e alguns festivais japoneses que costumam reunir muitos visitantes foram cancelados. A recomendação é que os turistas monitorem o fechamento de atrações e o status de eventos previstos em suas viagens.