Companhia aérea oferece voo de sete horas a lugar nenhum

Saudade de passear de avião? Essa linha australiana tem um produto para você

Francesca Street, da CNN

Antes da pandemia, muitos de nós enxergávamos voos de avião apenas como um método de ir de um destino a outro o mais rápido possível.

No entanto, com suspensões de viagens, fronteiras fechadas e ordens de quarentena nos mantendo confinados em nossas casas, alguns viajantes têm sonhado não só com os destinos longínquos atualmente indisponíveis, mas com a própria experiência do voo — da emoção da decolagem às paisagens da Terra vistas de cima pelas janelas da cabine.

É aí que os “voos a lugar nenhum” aparecem: viagens aéreas criadas pelo puro propósito da jornada, não, do destino.

A australiana Qantas anunciou recentemente planos de um voo cênico de sete horas que vai rodar as províncias da Costa Dourada até os remotos Outbacks.

De cima, os ávidos passageiros poderão visualizar atrações nacionais famosas, incluindo a Baía de Sydney e a Grande Barreira de Corais. O jato voará baixo sobre alguns pontos de interesse, incluindo o Uluru e a praia Bondi.

Entretenimento especial a bordo também foi prometido, incluindo uma celebridade anfitriã surpresa.

Avião da linha australiana Qantas decolando
Avião da linha australiana Qantas decolando
Foto: Divulgação/Qantas

A jornada vai ser em um Boeing 787 Dreamliner, normalmente reservado para trechos intercontinentais. No momento, há bem poucos voos entrando e saindo da Austrália devido às restrições de viagem e a frota internacional da Qantas está parada.

O Dreamliner é conhecido por suas grandes janelas, tornando-o ideal para uma visita panorâmica a mais de 9.000 metros de altura.

O voo QF787, previsto para decolar do aeroporto doméstico de Sydney em 10 de outubro e para retornar à metrópole australiana sete horas mais tarde, se provou popular.

Os 134 bilhetes, divididos entre classe executiva, econômica premium e econômica, que custavam entre 787 a 3.787 dólares australianos (R$ 3.014 a R$ 14.503, aproximadamente), teriam esgotado em apenas 10 minutos.

Nova tendência

Na Ásia, onde a maioria das fronteiras continua fechada, limitando o turismo de lazer, os voos sem destino surgiram recentemente.

A iniciativa da Qantas segue os passos da taiwanesa EVA Air, que ofereceu uma jornada dessas em 8 de agosto, a bordo de seu jato A330 Dream temático da Hello Kitty.

O A330 da Eva Air, temático da Hello Kitty
O A330 da taiwanesa Eva Air, temático da Hello Kitty
Foto: Divulgação/Eva Air

A All Nipon Airways também fez um voo cênico no Japão em agosto, onde tentou replicar a “experência num resort havaiano” com 300 viajantes no voo de uma hora e meia de duração.

E em 19 de setembro, um voo cênico deve decolar do aeroporto de Taipei, oferecendo a 120 turistas taiwaneses a oportunidade de ver do céu a ilha sul-coreana Jeju.

A jornada deve ser uma experiência única, de acordo com um comunicado da Organização de Turismo da Coreia, oferecendo uma gincana de quiz e culinária local durante o voo.

A Singapore Airlines também estaria considerando operar voos sem destino a partir de outubro, de acordo com o jornal local Straits Times.

Um porta-voz da Singapore Airlines disse à CNN que a aérea “está considerando várias iniciativas que nos permitam engajar com os nossos clientes e membros do público. Até o momento, nenhum desses planos foi firmado”.

De um ponto de vista ambiental, a proposta de um voo sem destino é potencialmente controversa.

Mas enquanto há preocupações sobre o uso desnecessário de combustível, os temores em relação à Covid-19 podem ser aliviados por estudos científicos recentes que sugerem que as chances de contrair a doença em um avião são menores do que havia se pensado, devido aos sistemas de ventilação do ar.

Dito isso, todas as aéreas operando voos cênicos seguem protocolos de contenção da Covid-19.

(Texto traduzido, leia o original em inglês)