Para servir melhor: itens essenciais no seu bar

Por Artur Tavares

Boas garrafas são fundamentais para fazer drinques em casa, mas ter os acessórios certos é fundamental na preparação

Desde que comecei essa coluna há alguns meses, falei sobre lançamentos no universo das bebidas aqui no Brasil e fiz um mapa daquilo que é mais essencial para um bom bebedor. Gins, vermutes, uísques, cachaças podem ser saboreados puros, mas, combinados, se transformam em deliciosos coquetéis.

Foto: John Fornander
Foto: John Fornander

Em um universo tão vasto, seria simplório dizer que preparar drinques é apenas misturar ingredientes em um copo, embora alguns coquetéis mais fáceis, como o Gim Tônica, sejam feitos exatamente assim. Se até uma Caipirinha bem-feita precisa de uma coqueteleira para que a cachaça, o açúcar e o suco de limão se misturem, o que dizer de um sour, que utiliza clara de ovo?

Vamos deixar de lado nesse texto o óbvio: você precisa saber o que está fazendo em primeiro lugar, ter a receita e os ingredientes em mãos. Aliás, o melhor guia on-line para receitas de coquetéis é o Difford’s Guide, versão nacional do site britânico, cuidado por aqui pelo publicitário e amigo Marcelo Sant’Iago, que você acessa clicando aqui. Tendo dito isso, confira abaixo aquilo que você precisa ter em casa para servir ótimos drinques:

Dosadores
Assim como em qualquer área da gastronomia, a medida exata dos ingredientes é fundamental para a preparação do drinque perfeito. Experimente fazer um Negroni em que as partes de gim, vermute e Campari não são iguais, e você perceberá que ele será desbalanceado. A solução óbvia é ter dosadores em casa. Há uma série deles à venda, sempre com duas medidas diferentes, uma em cada extremidade. O mais essencial é o de 30 x 50 ml, que dá conta da maioria das preparações: um gim tônica leva 50 ml de gim, por exemplo, enquanto o supracitado Negroni leva 30 ml de todos seus ingredientes. Há variações como 25 x 50 ml, 30 x 60 ml, 45 x 60 ml, e até um mini, 15 x 30 ml. Todos são úteis, já que coquetéis que levam sucos, licores e xaropes às vezes precisam apenas de pouca quantidade para dar um toque final.

Mixing Glass
O segredo para o coquetel perfeito está também em sua temperatura. Para não servir um drink quente no copo, que vai passar uma impressão de potência demasiada, o ideal é que ele seja preparado em um copo mixer, no qual você joga uma boa quantidade de gelo, os ingredientes, faz a mistura, e depois passa para o copo do serviço. Pode parecer bobagem, mas faz toda a diferença.

Coadores e peneiras
Acredite, são duas coisas diferentes. O coador é utilizado junto com o mixing glass para que, quando o preparo está feito, o líquido saia e o gelo fique. Isso porque você não leva o gelo inicial da preparação para o copo. Sem muita tecnicidade, trocar o gelo ajuda a manter a temperatura e evita a diluição, preservando o coquetel por mais tempo – você não quer beber rápido, não é?! Já as peneiras servem para tirar resíduos do líquido, como a película formada pela clara do ovo, ou gomos e cascas de frutas.

Coqueteleira
O artigo mais show-off de toda a mixologia é a coqueteleira. Dispensa explicações sobre seus usos, mas vale um toque fundamental. Nunca bata um drinque que deve ser apenas mexido. A agitação das moléculas muda a composição dos líquidos, alterando o sabor. Ou, pensando bem, faça experiências: um dos melhores Manhattans que experimentei na minha vida foi em um buraco em Bruxelas, onde a bartender bateu o coquetel, o que me rendeu uma torcida de nariz em primeiro lugar, mas que acabou com meu preciosismo logo depois do primeiro gole.

Macerador
Também dispensa muitas apresentações, já que nós somos a terra da Caipirinha, mas vale uma recomendação: tenha um macerador em inox. Ele não retém sabores residuais, como a madeira.

Outros utensílios
Há alguns outros equipamentos que fazem bastante diferença na hora de montar um bar em casa. A pinça, por exemplo, é útil no transporte e na acomodação de guarnições. Sua precisão permite colocar frutas, flores e outros itens até o fundo do copo, na borda ou até mesmo em cima do gelo sem provocar imersão.

Um descascador adequado proporciona a produção de filetes de cascas que podem ser utilizados em twists. Alguns deles têm pequenos raladores incluídos, para a possibilidade de você querer decorar seus coquetéis com raspas das mesmas frutas. A bailarina é um tipo de colher essencial para bartenders. Com cabo alongado, ela é própria para ser usada junto do mixing glass, evitando o contato das mãos com a bebida, e proporcionando um alcance até o fundo do vasilhame.

As formas de gelo de silicone são maravilhosas. Vendidas em diversos formatos e tamanhos, elas permitem que você faça em casa aqueles cubos enormes maravilhosos, esferas, e até gelos com formatos criativos. Sobre o gelo em si, vale lembrar que cada tipo tem um uso: os cubos menores, dos quais estamos acostumados, servem para drinques que têm que ser servidos gelados de verdade, como Long Island Iced Tea, Gim Tônica e outras variações de Highball (qualquer destilado misturado a qualquer bebida gaseificada). Os esféricos ou em cubo servem para preservar a temperatura na qual o coquetel foi preparado. Devido à sua enorme área de contato, ele o faz de maneira uniforme e lenta.

Há também um último detalhe, que são os copos e taças próprios para cada drinque (ou tipo de vinho). Abordaremos com exemplos o assunto em outra ocasião. Enquanto isso, aproveite a leitura e vá praticar um pouco da arte da coquetelaria. Até!

Photo by Nick Fewings on Unsplash
Foto: Nick Fewings

Artur Tavares

Com passagens pela Rolling Stone Brasil, MTV e o programa CQC, da TV Bandeirantes, Artur Tavares hoje é editor das revistas Carbono Uomo e Corriere Fasano. Não é bem um especialista em bebidas, mas é ótimo de copo.