Para servir melhor: itens essenciais no seu bar
Por Artur Tavares
Boas garrafas são fundamentais para fazer drinques em casa, mas ter os acessórios certos é fundamental na preparação
Desde que comecei essa coluna há alguns meses, falei sobre lançamentos no universo das bebidas aqui no Brasil e fiz um mapa daquilo que é mais essencial para um bom bebedor. Gins, vermutes, uísques, cachaças podem ser saboreados puros, mas, combinados, se transformam em deliciosos coquetéis.
Em um universo tão vasto, seria simplório dizer que preparar drinques é apenas misturar ingredientes em um copo, embora alguns coquetéis mais fáceis, como o Gim Tônica, sejam feitos exatamente assim. Se até uma Caipirinha bem-feita precisa de uma coqueteleira para que a cachaça, o açúcar e o suco de limão se misturem, o que dizer de um sour, que utiliza clara de ovo?
Vamos deixar de lado nesse texto o óbvio: você precisa saber o que está fazendo em primeiro lugar, ter a receita e os ingredientes em mãos. Aliás, o melhor guia on-line para receitas de coquetéis é o Difford’s Guide, versão nacional do site britânico, cuidado por aqui pelo publicitário e amigo Marcelo Sant’Iago, que você acessa clicando aqui. Tendo dito isso, confira abaixo aquilo que você precisa ter em casa para servir ótimos drinques:
Dosadores
Assim como em qualquer área da gastronomia, a medida exata dos ingredientes é fundamental para a preparação do drinque perfeito. Experimente fazer um Negroni em que as partes de gim, vermute e Campari não são iguais, e você perceberá que ele será desbalanceado. A solução óbvia é ter dosadores em casa. Há uma série deles à venda, sempre com duas medidas diferentes, uma em cada extremidade. O mais essencial é o de 30 x 50 ml, que dá conta da maioria das preparações: um gim tônica leva 50 ml de gim, por exemplo, enquanto o supracitado Negroni leva 30 ml de todos seus ingredientes. Há variações como 25 x 50 ml, 30 x 60 ml, 45 x 60 ml, e até um mini, 15 x 30 ml. Todos são úteis, já que coquetéis que levam sucos, licores e xaropes às vezes precisam apenas de pouca quantidade para dar um toque final.
Mixing Glass
O segredo para o coquetel perfeito está também em sua temperatura. Para não servir um drink quente no copo, que vai passar uma impressão de potência demasiada, o ideal é que ele seja preparado em um copo mixer, no qual você joga uma boa quantidade de gelo, os ingredientes, faz a mistura, e depois passa para o copo do serviço. Pode parecer bobagem, mas faz toda a diferença.
Coadores e peneiras
Acredite, são duas coisas diferentes. O coador é utilizado junto com o mixing glass para que, quando o preparo está feito, o líquido saia e o gelo fique. Isso porque você não leva o gelo inicial da preparação para o copo. Sem muita tecnicidade, trocar o gelo ajuda a manter a temperatura e evita a diluição, preservando o coquetel por mais tempo – você não quer beber rápido, não é?! Já as peneiras servem para tirar resíduos do líquido, como a película formada pela clara do ovo, ou gomos e cascas de frutas.
Coqueteleira
O artigo mais show-off de toda a mixologia é a coqueteleira. Dispensa explicações sobre seus usos, mas vale um toque fundamental. Nunca bata um drinque que deve ser apenas mexido. A agitação das moléculas muda a composição dos líquidos, alterando o sabor. Ou, pensando bem, faça experiências: um dos melhores Manhattans que experimentei na minha vida foi em um buraco em Bruxelas, onde a bartender bateu o coquetel, o que me rendeu uma torcida de nariz em primeiro lugar, mas que acabou com meu preciosismo logo depois do primeiro gole.
Macerador
Também dispensa muitas apresentações, já que nós somos a terra da Caipirinha, mas vale uma recomendação: tenha um macerador em inox. Ele não retém sabores residuais, como a madeira.
Outros utensílios
Há alguns outros equipamentos que fazem bastante diferença na hora de montar um bar em casa. A pinça, por exemplo, é útil no transporte e na acomodação de guarnições. Sua precisão permite colocar frutas, flores e outros itens até o fundo do copo, na borda ou até mesmo em cima do gelo sem provocar imersão.
Um descascador adequado proporciona a produção de filetes de cascas que podem ser utilizados em twists. Alguns deles têm pequenos raladores incluídos, para a possibilidade de você querer decorar seus coquetéis com raspas das mesmas frutas. A bailarina é um tipo de colher essencial para bartenders. Com cabo alongado, ela é própria para ser usada junto do mixing glass, evitando o contato das mãos com a bebida, e proporcionando um alcance até o fundo do vasilhame.
As formas de gelo de silicone são maravilhosas. Vendidas em diversos formatos e tamanhos, elas permitem que você faça em casa aqueles cubos enormes maravilhosos, esferas, e até gelos com formatos criativos. Sobre o gelo em si, vale lembrar que cada tipo tem um uso: os cubos menores, dos quais estamos acostumados, servem para drinques que têm que ser servidos gelados de verdade, como Long Island Iced Tea, Gim Tônica e outras variações de Highball (qualquer destilado misturado a qualquer bebida gaseificada). Os esféricos ou em cubo servem para preservar a temperatura na qual o coquetel foi preparado. Devido à sua enorme área de contato, ele o faz de maneira uniforme e lenta.
Há também um último detalhe, que são os copos e taças próprios para cada drinque (ou tipo de vinho). Abordaremos com exemplos o assunto em outra ocasião. Enquanto isso, aproveite a leitura e vá praticar um pouco da arte da coquetelaria. Até!
Artur Tavares
Com passagens pela Rolling Stone Brasil, MTV e o programa CQC, da TV Bandeirantes, Artur Tavares hoje é editor das revistas Carbono Uomo e Corriere Fasano. Não é bem um especialista em bebidas, mas é ótimo de copo.