Transamerica Comandatuba, o hotel que mudou o conceito de resort no Brasil

Com três décadas de operação, destino all inclusive tem atrativos que impressionam qualquer viajante - o melhor deles? A natureza exuberante do sul da Bahia

Vista aérea do Transamerica Comandatuba, que fica localizado na Ilha de Comandatuba, no município baiano de Una
Vista aérea do Transamerica Comandatuba, que fica localizado na Ilha de Comandatuba, no município baiano de Una Divulgação

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Ilha de Comandatuba, Bahia

Após cerca de 1h20 de carro de Ilhéus, no sul da Bahia, uma balsa à beira-rio aguarda os visitantes para uma rápida travessia entre o continente e a ilha de Comandatuba.

Ao som de músicas tipicamente baianas, a embarcação encosta do outro lado após alguns minutos sobre as águas e os turistas são convidados por mulheres com toalhinhas refrescantes e água de coco e, de cara, avista-se um dos maiores atributos do local: os incontáveis coqueiros, que criam uma imensidão verde ao longo do horizonte.

A última contagem oficial cita 25 mil árvores. Número exato ou não, fato é que eles dominam a paisagem e compõem o ambiente perfeito para o Transamerica Comandatuba, local onde a maior preocupação de todas é apenas relaxar nas férias ao lado da família.

Debruçando-se sobre 62 mil m² dos 8 milhões de m² totais de Comandatuba, o grande resort é a única construção de toda a ilha, e seus extensos edifícios horizontais não ultrapassam a altura do coqueiral.

Para chegar até a recepção, inclusive, um trenzinho conduz os passageiros pelas estradas que cortam o gramado. O trajeto é permeado pelo som dos pássaros e aqui fica claro, de novo, que a natureza abundante é uma das maiores qualidades do destino.

Se hoje o resort opera sob sistema all inclusive e tem novos espaços de olho no futuro, como uma piscina totalmente renovada, seu passado também é digno de nota: o Transamerica Comandatuba possui uma história que ajudou a catapultar o modelo de resort de praia no país e ainda carrega números que impressionam.

Coqueiros a perder de vista são um dos atributos mais especiais da ilha / Saulo Tafarelo

Construção do resort

A história do Transamerica Comandatuba começa quatro anos antes de sua inauguração, em março de 1989. Assinado pelo arquiteto Ricardo Julião com paisagismo de Edward Stone, o projeto era ambicioso: construir uma enorme propriedade em uma ilha de matas virgens no sul da Bahia, na Costa do Cacau.

Mas como se deu a construção em um local inexplorado? Se para os hóspedes o resort é sinônimo de zero preocupação, tendo à sua disposição tudo que necessitar no período de férias, sob o ponto de vista empreendedor o mesmo espaço é palco de grandes operações.

Foi criada então uma infraestrutura que exigiu soluções como abastecimento de água potável, energia elétrica e esgoto.

Para tanto, os números oficiais do período são monumentais. Durante os quatro anos foram mobilizadas cerca de 15 mil pessoas e balsas reforçadas foram construídas especialmente para o transporte de materiais entre o continente e a ilha – as embarcações suportaram viagens durante todo o dia e até três caminhões a bordo.

Construir uma ponte facilitaria o trabalho, mas, de acordo com o resort, “toda a magia do lugar estaria comprometida”.

Ao todo, 43 mil viagens de balsa foram registradas para levar os materiais de um lado para o outro e 27 mil toneladas de concreto foram usados para erguer o empreendimento. Mais números que impressionam: 845 mil telhas, 8 milhões de tijolos, 7 mil latas de tintas e 270 mil cerâmicas de piso foram usados.

Até os dias atuais, tubulações subaquáticas levam água tratada para a ilha por decantação no continente e a energia elétrica chega por meio de uma linha privativa de 48 km de extensão, que é então canalizada em dutos subterrâneos.

O esgoto é tratado em uma estação capaz de purificar a água resultante e o lixo orgânico recebe tratamento especial numa usina própria de compostagem.

Pioneirismo

Dado seu tamanho e proposta, o Transamerica Comandatuba ajudou a popularizar o conceito de resort no país, principalmente o resort de praia e de destino, quando o Nordeste vivenciou um boom destes estabelecimentos após os anos 2000.

Os resorts começaram de fato a surgir no país na década de 1970, com o primeiro exemplo mais notável sendo o Club Med Ilha de Itaparica, também na Bahia, que abriu as portas em 1979 – mas as fechou em julho de 2019 após 40 anos de operação.

Hóspedes buscam resorts por seus atrativos de lazer, recreação e relaxamento. Geralmente situados em locais mais afastados dos grandes centros urbanos, costumam atrair uma alta taxa de reincidência da clientela, como é o caso do próprio Transamerica Comandatuba, para onde famílias voltam ano após ano.

Com mais de 80 atividades diárias de lazer, seis restaurantes e dois bares, o espaço contém tudo que o hóspede necessita para que não precise se deslocar para fora da propriedade.

Os principais polos emissores de turistas do Transamerica são de estados do sudeste, com São Paulo e Minas Gerais na liderança – não à toa há voos de Congonhas e Confins direto para o aeroporto de Una em alguns dias da semana. 

Nos dias de hoje, para dar conta das operações, uma equipe de 550 funcionários efetivos trabalham no hotel, sendo 98% de origem das comunidades locais, seja dos municípios de Una ou de Canavieiras – fato que ajuda a entender que, além dos números, desde a abertura, o resort é um dos protagonistas da região.

Três décadas de operação

Ao longo destes 33 anos de operação, a essência de grandeza, relaxamento e de natureza do local, que já viveu seus tempos áureos nas décadas de 1990 e 2000, não sofreu alterações, mas alguns implementos foram adicionados durante os anos.

É o caso do centro de eventos, que foi inaugurado no fim de 2012 e possui 2,5 mil m² e dispõe de 12 pequenas salas de 40 metros. Dentro há ainda um amplo salão em formato de auditório adaptável para 1.400 pessoas.

Vale destacar que antes da pandemia de Covid-19 cerca de 60% a 70% do faturamento do resort era proveniente de eventos, quando grandes empresas fechavam a propriedade para seus funcionários.

Atualmente, o foco é outro: segundo a gerência de eventos do hotel, a preferência se debruça em eventos menores, que não fecham inteiramente a propriedade, mas que sejam complementados com ocupação.

Além disso, um dos sistemas de hospedagem mais atrativos para os visitantes foi implementado de fato apenas 29 anos depois da abertura.

O all inclusive passou a ser uma realidade em 2018 – antes o local oferecia regime de meia-pensão. Assim, hoje, hóspedes possuem direito ilimitado a todas as refeições, além de petiscos, snacks e bebidas, incluindo alcoólicas e não alcoólicas – a carta de cervejas possui, por exemplo, mais de 20 rótulos nacionais e importados.

Com mais de três décadas de operação e a travessia de uma pandemia, que afetou o setor de hospitalidade em geral, é possível notar que o tempo deixou suas marcas na manutenção e na decoração do resort. Mas agora, em 2022, um programa de revitalizações nas áreas comuns foi implementado, a começar com a remodelação da piscina principal em março.

Ocupando 1.200 m² e com capacidade de 1 milhão e 300 mil litros de água, a piscina é um dos cartões-postais do hotel e ponto de encontro dos hóspedes ao longo do dia.

Com aspecto anterior datado, ela passou por um retrofit que custou R$ 3 milhões, ganhando novo revestimento, seis pontos de hidromassagem, luzes led e ainda camas e espreguiçadeiras a tempo das férias de julho.

Serpenteando os jardins e com pequenas pontes, o entorno da piscina também foi renovado, e ganhou novos banheiros e chuveiros. Uma reformulação paisagística foi feita e agora a ideia é que os hóspedes tomem café da manhã e tenham uma vista panorâmica das áreas comuns até a linha do mar sem que a visibilidade seja afetada.

A academia, que passou por obras, e novos enxovais de cama para os quartos, assim como certas amenidades, também fazem parte das novidades.

Sombra, água fresca e diversão

Com todos seus atrativos e atributos, hospedar-se no resort é sinônimo de zero preocupações. Deixar que as crianças se divirtam enquanto os pais apreciam um drinque no melhor estilo “sombra e água fresca”.

Se os números acima já surpreendem, aqui vão mais alguns: o hotel se alonga por 4 km dos 21 km totais que compõem a faixa de areia da ilha. A praia, inclusive, é um dos chamativos da propriedade, mas a maior concentração dos hóspedes fica mesmo na região da piscina.

Caminhadas na areia são frequentes na parte da manhã: a praia deserta garante momentos de paz e ares de total exclusividade; há que se prestar atenção apenas com a andança dos siris.

De volta ao hotel, o hóspede se depara com inúmeras atividades ao longo do dia. Quadras de areia garantem movimentação com beach tennis, esporte queridinho do momento, ou ainda beach vôlei e futebol de areia.

A alguns minutos de caminhada ficam as quadras poliesportivas, os dois campos de futebol, as duas quadras de squash, as 10 quadras de tênis e ainda o espaço para arco e flecha e a cancha de bocha.

Aos que treinam golfe, deixem os materiais em casa: o campo de 18 buracos do hotel, que ladeia a praia e chegou até a sediar campeonatos, foi desativado por tempo indeterminado.

Como o hotel fica rodeado por água, os esportes náuticos garantem uma dose extra de emoção, pagos à parte. É o caso do esqui aquático, caiaque, stand-up paddle e wakeboard.

Passeios de lancha ainda levam os visitantes até o ponto em que o rio encontra o mar (R$ 900 para uma lancha que comporta 10 pessoas e R$ 700 uma outra que acomoda até 8 pessoas).

Além de poderem alugar bicicletas e rodar o hotel, os hóspedes também podem contratar serviço de buggy para a barra norte, indo até 7 km para longe do hotel, ou ainda para a barra sul, indo a 14 km da propriedade – quadriciclos também estão disponíveis.

Os pequenos contam com um kids club afastado do núcleo central, onde há uma piscina infantil, pula-pula e salinhas com brinquedos. Monitores da equipe nomeada de “Comandaturma” dividem as crianças em grupos de acordo com a faixa etária e desenvolvem atividades voltadas aos interesses de cada.

Já para os adultos, além de hidroginástica, alongamentos e esportes, um spa na área dos bangalôs garante uma camada extra de relaxamento.

Local sereno de cor amarela, há 10 salas de massagem e uma piscina aquecida externa com hidromassagem liberada para quem faz tratamentos, os quais utilizam produtinhos para lá de aromáticos de produção local e variam de R$ 159 até pacotes de R$ 1.599.

Outras experiências, até mesmo fora do hotel, podem ser negociadas com a equipe de concierge, que se encarrega de mandar informações, programas diários e lembretes via WhatsApp.

Acomodações e gastronomia

O Transamerica Comandatuba dispõe de 363 quartos divididos em apartamentos, suítes e bangalôs. Enquanto os apartamentos e suítes são distribuídos nas alas mais próximas dos restaurantes e piscinas, os bangalôs ficam espalhados pelos gramados próximos do spa, mais afastados.

As menores acomodações partem dos 24,5 m² e a maior chega a 114,60 m², isso sem contar as extensas varandas, onde os cômodos são sempre pensados para atender famílias com crianças.

Vale ressaltar que também há uma copa para bebês na ala norte do resort que fica aberta 24h por dia e conta com micro-ondas, geladeira, frutas e outros utensílios para facilitar a vida dos papais e mamães.

Por R$ 100 para o período de estadia é possível usar carrinhos de bebê. Berço, protetor lateral para as camas e cadeirinha de alimentação também são oferecidos.

Entre as opções gastronômicas, incluídas no sistema all inclusive, há seis restaurantes. O Giardino é onde é feito o buffet de café da manhã e também o almoço. Mais próximo da praia fica o Restaurante da Praia, que oferece pratos à la carte.

O Restaurante do Canal, de cozinha baiana, serve apetitosos bobó de camarão e moqueca vegana; o Nami Sushi apresenta cozinha japonesa; o Alecrim oferece massas, frutos do mar e pratos inspirados na cozinha mediterrânea; e o Oliva tem forno à lenha de onde saem pizzas. Todos funcionam apenas durante à noite mediante reserva com o concierge.

Bobó de camarão é uma das especialidades do restaurante baiano Restaurante do Canal / Saulo Tafarelo

Para evitar superlotação, o sistema all inclusive funciona mediante vouchers por dia nos restaurantes temáticos.

Por falar em comida, há até um restaurante específico para as crianças, o Beiju, com buffet, mesas, cadeiras e copos pensados para os pequenos.

Restaurante Beiju é exclusivamente voltado para as crianças / Saulo Tafarelo

Após as atividades do dia, vale a pena dirigir-se até a beira do canal do rio e checar as cores impressionantes do pôr do sol baiano.

Quando o dia dá lugar à noite, a dica é caminhar entre os coqueiros e olhar para cima, onde um céu superestrelado é como um presente para os hóspedes, dando um gostinho do que é estar em um ambiente sem camadas de poluição.

Transamerica Comandatuba
Ilha de Comandatuba, s/n, Una – BA
Reservas e informações: (11) 4040-3322 / (73) 3686-1122 / reservascomandatuba@transamerica.com.br
Valores dos pacotes e diários mudam conforme a alta e a baixa temporada; consulte site e telefones oficiais. 

* O jornalista viajou a convite do Transamerica Comandatuba.