8 atrativos para sair do básico em Portugal

Portugal é um país que você pode ir inúmeras vezes, que sempre terá coisas diferentes para fazer. Sua rica gastronomia é um convite para novas descobertas. Através do paladar, propomos aqui uma viagem sensorial (roteiro de três dias, bem curtinho) ao que há de mais tradicional fora do eixo Lisboa-Porto, além de experiências e paisagens inesquecíveis para nenhum travelholic botar defeito. Papel e caneta na mão e uma regra básica: experimente Portugal!

Conheça o montado, na Herdade do Freixo do Meio, em Alentejo
A Herdade do Freixo do Meio é uma cooperativa de montado, um ecossistema muito particular, criado pelo homem, da região de Alentejo. São florestas de azinheiras, sobreiros, carvalhos ou castanheiros, que servem de matéria prima para diversos produtos a base de cortiça. A Freixo do Meio é uma cooperativa sustentável próxima de Montemor, onde nada é desperdiçado. São produzidos diferentes itens, como legumes e verduras de agricultura orgânica, carnes de vacas, de peru e o famoso porco alentejano, além de cortiça e rolha.

Paisagem do montado (Foto: André Aloi)

Atualmente, existem 35 pessoas trabalhando na cooperativa que querem aumentar a experiência, abrindo quartos para receber hóspedes a fim de se conectar com a natureza por meio da agricultura. Diárias a partir 25€ (em uma casa comunitária, aos moldes de hostel) e €95, nos novos espaços, para o casal. Reservas por email: visitas@herdadefreixodomeio.pt.

Nos cliques, os legumes e carnes do cozido, produzido com os ingredientes do montado (Foto: André Aloi)

Herdade do Freixo do Meio, 7050-705 Montemor-o-Novo / Tel.: +351 266 877 136

Aprenda a fazer doces conventuais, em Évora
De passagem por Évora, conheça o belíssimo hotel M’AR De AR e tente reservar uma aula com o chef Antonio Nobre, conceituado pela gastronomia alentejana. No nosso caso, conseguimos “arrancar” dele o jeito certo de se fazer encharcada, um doce típico, da tradicional doçaria conventual. Mas, afinal, o que são esses doces? Eles eram confeccionados nos conventos no século XV e tinham como principal característica grandes quantidades de açúcar e gemas de ovos (nas receitas, estão: pastel de Santa Clara, o de Belém, papo de anjo, leite-creme, barriga-de-freira, entre outros).

Antonio Nobre com o doce conventual encharcada (Foto: André Aloi)

No caso da encharcada, são usados mais de 20 ovos (lembra um pouco o jeito de se fazer fios de ovos e o gosto remete ao do quindim). Mesmo que você tente pegar a receita, é muito difícil conseguir acertar de primeira, segundo o chef. Precisa, claro, de um toque de expert. E Nobre tem experiência de sobra para poder orientar sobre receita, temperatura e todos os traquejos desses doces. Ele participa de um programa na TV portuguesa e já esteve à frente de projetos de livros de gastronomia, como o “Chefes Portugueses, as melhores receitas”, de sua autoria.

Travessa da Palmeira, 4/6 / Tel.: +351 266 739 302

Jante em uma gigante mesa de mármore, em Vila Viçosa
O pequeno vilarejo de Vila Viçosa, no Alentejo, carrega em sua principal via árvores de laranjeiras. Pouco antes do verão (perto do meio do ano, em abril e maio), as árvores já estão todas carregadas. Você pode passar, pegar uma e provar. São todas docinhas! Mas esse não é seu único patrimônio natural. Essas são terras de mármore, do rosado mais nobre. O hotel Alentejo Marmoris Hotel & SPA é todo revestido com diferentes cores da pedra. Inclusive, o restaurante Narcissus tem uma mesa de quase seis toneladas, de um único bloco de mármore, com 14 lugares. Para apreciar!

Mesa de mármore de seis toneladas, do Narcissus (Foto: Reprodução/Instagram @chefpedromendes)

Depois de circular pelo centro e ver um lindo pôr do sol, vá conhecer a cozinha afetiva do chef Pedro Mendes, que resgata receitas da região do Alentejo com ingredientes de produtores de até 50km de distância dos três restaurantes que faz consultoria. O menu em seis tempos é para se deleitar por horas.

Largo Gago Coutinho 9, Vila Viçosa / Tel.: +351 268 887 010

Piquenique debaixo das cerejeiras, de Alcongosta
A região do Fundão é onde existem mais cerejeiras em todo o país, cerca de 60% da produção de cerejas consumidas vêm de lá. De nome de café a estampas da fruta nas calçadas, faça uma pausa em uma portinha para experimentar o gin (de cerejas, claro) ou o licor da vermelhinha. Também é possível visitar os pomares brancos e floridos.O órgão de turismo também oferece cestas com ingredientes para piquenique, que custam entre €10 e €15.

Foto: André Aloi

Entre maio e junho é a época certa do ano para poder apadrinhar as cerejeiras. Depois de cavar um buraco, pegue a plaquinha e escreva seu nome e data. Na floresta, já debaixo das cerejeiras, você pode fazer um almoço com receitas tradicionais. Nossa experiência teve arroz de carqueja (com embutidos), queijos de ovelha, cabra e misto dos dois, ovos verdes (fritos como um salgado) e bacalhau. O serviço é oferecido pelo restaurante Hermínia, tradicional na região, que pode ser contratado por €20, em média, por pessoa (dependendo do cardápio).

Foto: André Aloi

Posto de Turismo do Fundão – Praça do Município 8 / Tel.: +351 (275) 779-040

Experimente os queijos e vinhos em Castelo Novo, no Fundão
Que tal passar uma tarde com as ovelhas, entender o cuidado na produção do leite e, claro, produzir o nosso próprio queijo. Divertido, né? É possível ir à Quinta do Barrigoso, passar um tempo com os animais, colher frutas no pomar e se reconectar com a natureza. Por lá, há uma experiência de degustação com queijos: fresco (com leite de ovelha pasteurizado), misto de ovelha e cabra, amanteigado de ovelha, só de cabra, o corno (leite magro, com um ano de cura) e o queimoso (envelhecido e picante). Tudo harmonizado com vinhos da região (€ 15 por pessoa em um grupo com até 12).

Tem mais: dá para alugar a casa para oito pessoas (€200/dia ou €50 por quarto, com duas camas de solteiro) e ter experiências, como essa degustação. Fazem parte do circuito a ordenha de ovelhas ou o apanhar uvas e limões no quintal. Você ainda pode preparar seu próprio queijo (preço sob consulta) ou fazer atividades na ribeira (como mergulho em rio).

Quinta do Barrigoso , Castelo Novo, Fundão

Glamping é opção de acampamento com conforto, no Fundão
Já falamos sobre glamping, que nada mais é do que a união de camping com glamour. O Natura Glamping é um “acampamento” desses, luxuosos, a quase mil metros de altitude na Serra da Gardunha. São cabines que podem receber de duas a quatro pessoas com o conforto de um hotel cinco estrelas. E a vista é um diferencial! Fique de olho para bookar os quartos (que em junho ganham novos formatos) e, também, outras atividades, como ioga ao ar livre, passeios de balão, circuitos de pedalada, asa delta, entre outros. Delicioso!

Serra da Gardunha – Casa do Guarda, Alcongosta / Tel.: +351 938 387 600

Côa é considerado o maior museu ao ar livre do mundo
Na confluência dos rios Côa e Douro, está o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, dentro do Parque Arqueológico do vale de mesmo nome (PAVC). A ideia do lugar é divulgar e contextualizar os achados arqueológicos, descobertos desde 1994, e perpetuar artistas da atualidade, como Júlio Pomar (em exposição). Existem inscrições em pedras e rochas desde 30 mil antes do presente, com réplicas à mostra. Uma verdadeira aula de história! No andar de baixo, você pode ter uma excelente refeição com vista para os rios, no restaurante que leva o nome do museu, com gastronomia tipicamente transmontana (Trás-os-montes e Alto Douro).

R. do Museu, 5150-610 Vila Nova Foz Côa / Tel.: +351 279 768 260

Como se faz o vinho do Porto, na Niepport, no Douro
Com produção de dois milhões de garrafas/ano, a vinícola Niepport fica aberta ao público. É possível, inclusive, experimentar uma refeição tipicamente portuguesa, como arroz de pato (mais seco que o habitual do brasileiro) e entrada com seleção de queijos. Eles produzem cerca de 20 diferentes tipos de vinhos, muitos deles reconhecidos internacionalmente, principalmente os do Porto.

Inclusive, 80% da produção é para exportação (com Alemanha e Inglaterra como maiores mercados). Para entender: o vinho para ser do Porto tem que ser produzido nessa região, é mais licoroso e, no processo de fermentação, é adicionada aguardente, que mantém a doçura e garante o corpo mais denso.

Quinta de Nápoles – CM1101, Portugal / Tel.: +351 254 855 436