Os 20 anos de carreira de Carole Crema, a chef que inventou o brigadeiro de colher

Chef pâtissier completa duas décadas de sucesso com milhares de doces vendidos e ideias inovadoras que marcaram época

A chef também foi responsável por trazer os hoje famosos "cupcakes" ao Brasil
A chef também foi responsável por trazer os hoje famosos "cupcakes" ao Brasil divulgação

Daniela Caravaggido Viagem & Gastronomia

São Paulo

Era uma quinta-feira comum, por volta de meio-dia. Quase todas as mesas da loja Carole Crema, que completa 20 anos na esquina das ruas Tietê com a Consolação, nos Jardins, em São Paulo, estavam cheias.

Alguns tomando um cafezinho enquanto trabalhavam com o notebook ligado na tomada. Outros, naquela pausa do dia, apreciando as delícias da chef.

“Estou em dúvida de qual ovo de páscoa levar, falam que todos são maravilhosos”, uma cliente comentou com a acompanhante, que degustava o bolo de coco gelado, embrulhado em papel alumínio – daqueles das festinhas de antigamente, que é o grande sucesso atual da casa (são mais de 10 mil unidades vendidas por mês).

Não passou muito tempo, Carole chegou. Impossível não perceber a presença da chef, que abraçou funcionários, fez piada e logo percebeu o retorno de um deles: “Olha quem está aqui! Voltou? Feliz em te ver”, disse a ele.

Atenção, alegria e energia contagiantes são marcas registradas de Carole, e quem trabalha com ela garante: é assim o tempo todo. “A Carole empresária é resiliente e carinhosa. Gosto de cuidar da pessoas. Sou também extremamente determinada: o que quero, eu vou atrás com todas as forças”, diz a própria chef.

Carole Crema e parte de sua equipe em sua fábrica, local onde tudo acontece / Divulgação

O foco e determinação que a guiaram por toda vida a fizeram chegar onde chegou. Em 2022, Carole completa 20 anos de carreira na gastronomia com muitas histórias – e doces – na bagagem. E quem pensa que seu sonho sempre foi ser uma referência na cozinha está enganado. A vida de chef aconteceu por acaso, mas foi resultado de muita dedicação e estudo.

Bolo de coco gelado embrulhado no papel alumínio é o produto mais vendido da loja de Carole Crema. São 10 mil unidades por mês / Divulgação

A infância

Filha de pai engenheiro e mãe artista plástica, Carole sempre morou em São Paulo, mas suas lembranças de infância são do interior do estado, subindo em árvore. Levada e agitada desde sempre, seu apelido era pimentinha.

Por ser “bagunceira”, era proibida de entrar em qualquer cozinha. “Não tive grandes referências na cozinha e nunca me interessei muito. Minha mãe e minha avó cozinhavam, mas não era nada muito marcante. Só que eu sempre fui muito gulosa. Ia para casa de uma tia e tinha sempre um bolo esperando. Sempre amei doce. Era aquela criança que colocava o dedo na cobertura, sabe?”, conta, rindo.

A escolha de carreira

Na adolescência, se alguém fizesse a clássica pergunta “o que você quer ser quando crescer?”, a resposta de Carole sempre era: artista. No fim das contas, podemos dizer que a cozinha a levou ao destino desejado: seus doces são verdadeiras obras de arte. Mas não foi um caminho tão fácil assim.

“Cheguei a fazer teatro, mas com 19 anos já tinha desistido dessa ideia de ser artista. Entendi que era difícil, e como sempre fui muito focada, fui atrás de algo que acreditava que daria mais certo. Não era uma ambição por dinheiro, mas sim por fazer as coisas bem feitas e me destacar naquilo que me propusesse a fazer. Essa é uma característica minha que me fez chegar até aqui”, ressalta.

Carole resolveu cursar, então, duas faculdades. No período da manhã, estudava jornalismo, na faculdade Cásper Líbero, e à noite Ciências Sociais, na Universidade de São Paulo (USP).

No entanto, depois de oito meses, logo desistiu do jornalismo. Com o dia livre, só estudando de noite, resolveu que era hora de começar arrumar um emprego para juntar seu próprio dinheiro.

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O início no turismo

“Queria trabalhar, mas não sabia fazer absolutamente nada. Só havia trabalhado naqueles empregos temporários de Natal. Foi então que o destino começou a ser muito bom comigo”.

Durante uma festa, uma amiga a avisou de uma vaga aberta em uma agência de turismo. O dono deixou claro que não precisava de ninguém com experiência, bastava saber falar inglês e já ter viajado aos Estados Unidos. “Opa, me encaixava”, lembra.

Carole começou a trabalhar como operadora de turismo, com foco em viagens marítimas. Seu Ilya Risch, dono da agência, foi fundamental em sua carreira. “Ele foi muito maravilhoso comigo. Foi neste emprego que descobri o prazer de trabalhar. Ele e toda a equipe me fizeram enxergar o ofício como fonte de felicidade, e desde então encaro desta forma. Amava trabalhar naquele lugar. Me encantei e pensava todos os dias: ‘Minha vida é o turismo'”, lembra.

Geminiana nata, como ela mesmo a descreve, estava tão feliz e realizada no turismo que resolveu largar o curso de Ciências Sociais no terceiro ano. “Sou assim mesmo, se não está bom, eu vou embora”, diz. Queria estudar algo que agregasse algo a sua nova profissão.

Entrou, então, em um curso de hotelaria, recém-lançado na época, e estudou até o fim. Chamou atenção da tradicional agência de turismo Stella Barros e seu “passe” foi comprado para que integrasse a equipe com apenas 21 anos. “Me senti super valorizada, estava muito feliz, mas sempre fui inquieta. Tinha o sonho de morar fora. Aproveitei o término de um namoro e resolvi colocar em prática depois de alguns anos esse desejo”, conta.

Do turismo à gastronomia

Com o seu próprio dinheiro, resolveu que iria para Europa estudar. O ano era 1996 e Londres foi a cidade escolhida, pela familiaridade com a língua. Optou por um curso que complementasse sua experiência em turismo e hotelaria – o pré-requisito era ser algo que não tinha no Brasil.

O escolhido foi um na Thames Valley University, focado em alimentos e bebidas. O que ela não imaginava era que o curso era totalmente prático e não administrativo, como pensava.

“Na verdade, nem sei o que eu achava o que era esse curso. Sei só que o dinheiro que eu tinha dava, mas jamais imaginei que teria de cozinhar. Eu não fazia nada na cozinha”, lembra.

Quando chegou, recebeu um kit do curso com calça, doma, chapéu. “Pensei que era a roupa da formatura. Achei estranho me mandarem aquilo faltando ainda dois anos para me formar, mas tudo bem. Guardei no armário e fui para o primeiro dia de aula assim como estou hoje, de calça jeans e camiseta. Levei uma grande bronca”, conta rindo.

Carole Crema em um dos seus trabalhos temporários em Londres, na Inglaterra / Arquivo Pessoal

Carole viu todos os colegas com a roupa e só aí entendeu que o curso era realmente prático, de gastronomia mesmo. A primeira aula, por exemplo, foi destrinchar um frango.

Não sabe como conseguiu, mas cumpriu o desafio na “cara de pau”, como ela mesmo diz. Não desistiu do curso e encarou a possibilidade de aprender coisas novas com leveza. “Passei uns três meses sem ter ideia do que eu estava fazendo e de onde eu estava. Até o inglês, que sabia me virar, não dava para entender nada o vocabulário de cozinha. Mas, aos poucos, as coisas começaram a se ajeitar”.

Do quase estágio no Palácio de Buckingham à volta ao Brasil 

Depois do período de ambientação, resolveu dedicar todo seu tempo ao curso. Entendeu que para estar no mesmo nível das pessoas que já tinham familiaridade com a cozinha, precisava se dedicar mais.

Estudava horas e horas por dia, frequentava aulas extras, participava de atividades e eventos com professores e resolveu que faria daquela chance a melhor de sua vida. Descobriu que os três melhores alunos do curso ganhariam um estágio na cozinha do Palácio de Buckingham e colocou isso como seu grande objetivo. E deu certo. Foi uma das selecionadas da turma.

Entretanto, bem naquele ano, toda a documentação dos alunos atrasou e o estágio foi cancelado. “Fiquei chateada, claro, mas na vida eu sou assim: bola pra frente. Não fico amargurando. Já fui atrás de outra especialização e resolvi apostar na confeitaria por me parecer mais legal. Só que de novo, por conta de documentação, não deu certo iniciar o curso e resolvi voltar para o Brasil”, lembra.

Carole estudava horas por dia e conciliava a teoria com a prática, em sua experiência em Londres / Arquivo pessoal

Voltou ao país e, pela primeira vez, ouviu a expressão “chef de cozinha” estampada na capa de uma revista. Chefs, que depois virariam seus amigos, estrelavam a matéria. “Um deles era o Segato, do Gero, do Grupo Fasano. Resolvi que bateria lá para pedir um estágio e fui”.

O resultado foi o seu primeiro trabalho na gastronomia. Passou quatro meses ganhando experiência na cozinha e passando por algumas áreas do Gero, até que ofereceram um emprego fixo na copa. Ela, entretanto, agradeceu e preferiu seguir novos caminhos para ganhar ainda mais experiência.

Um amigo trabalhava no restaurante América e a indicou para uma entrevista. Todos ficaram encantados com a possibilidade de ter alguém como ela, com algum tipo de formação na área, trabalhando para eles. Na época, isso não era comum. Não havia no Brasil turmas já formadas em gastronomia.

“Eu fiquei um pouco sem posto, porque não sabiam muito como me usar. Me colocaram na fábrica e circulava em todas as lojas para verificar o padrão de produção”, conta.

A volta ao turismo e as salas de aula

O ano era 1998 e a Copa do Mundo da França estava acontecendo. Sabendo que havia retornado ao Brasil, a agência Stella Barros fez uma proposta para Carole voltar a trabalhar com o turismo. A vida na gastronomia não havia dado muito retorno financeiro, então, resolveu aceitar para juntar um pouco de dinheiro e investir futuramente em um negócio próprio.

“Era um grana considerável e coloquei a proposta como um tira-teima do que faria para a minha vida”, ressalta.

Com isso, conseguiu sair da casa dos seus pais e construir uma cozinha no fundo da sua casa. Começava ali o início de sua carreira solo.

Carole fazia ceias e jantares para até 100 pessoas. Quando sentiu segurança e estava com tudo estruturado, deixou de vez o turismo e resolveu investir na carreira, sempre apoiada por sua família. Nessa época, foi convidada por uma amiga para dar uma aula no Senac. “Não queria ir, porque achava que não conseguia. Mas fui, e naquele momento uma paixão pela sala de aula foi despertada”, ressalta.

Carole em seu começo de carreira como professora de gastronomia / Arquivo pessoal

Sempre buscando aperfeiçoamento, foi à Itália fazer mais um curso, dessa vez de três meses, no Instituto per La Promozione della Cultura Alimentare, em Milão. Cozinha clássica e confeitaria faziam parte da grade: ela queria aprender com o olhar de quem podia ensinar.

Retornando ao Brasil, viu uma placa anunciando o primeiro curso de gastronomia em São Paulo, na Universidade Anhembi Morumbi. Mesmos com as aulas já iniciadas, bateu na porta da universidade e perguntou se havia alguma vaga para ela dar aula. Explicou que havia acabado de retornar da Itália.

“Eles me falaram que já haviam contratado os professores, mas que tinham uma vaga de assistente. Me ofereceram R$ 700 e aceitei. Precisava carregar caixas, deixar todo o Mise en place preparado para os alunos e professores, mas encarei como a porta de entrada, o que acabou dando certo”, conta.

Logo depois, Carole foi contratada como professora e ajudou na construção do curso de gastronomia junto com seus colegas. Desenvolviam apostilas a cada semestre e módulos que precisavam ensinar aos alunos.

Carole Crema em uma das inúmeras aulas que já deu em seus 20 anos de carreira / Arquivo pessoal

O início de sua marca

Carole amava dar aulas, mas sentia que precisava abrir um negócio seu. Brinca que tinha a ilusão de um dia trabalhar menos, e que se só dependesse da sala de aula, esse dia não chegaria – mal sabia ela da rotina intensa  dos próximos 20 anos.

Pesquisando o mercado, percebeu que restaurantes de chefs, com nome e sobrenome, tinham muitos, mas docerias não. Foi aí que resolveu empreender nos doces.

Gostava de mexer com chocolate e o brigadeiro sempre foi um dos seus doces favoritos. Junto com duas sócias, abriu na nos Jardins a “La Vie en Douce”. O nome não foi o que mais lhe agradou, achava de difícil pronúncia, mas como era minoria na sociedade, teve de aceitar. Após cinco anos, resolveu seguir sozinha e o primeiro passo foi modificar a marca. Deixou apenas “La Vie, por Carole Crema”.

Foto da fachada da ‘La Vie en Douce’, primeiro nome da loja da Carole / Arquivo pessoal

Começou vendendo sobremesas, mas percebia que o que emplacava mesmo eram os chocolates. O ponto chave e grande febre da época, que mudou totalmente a história da loja, partiu de uma percepção sua.

“Não conseguia nunca chegar no ponto ideal do brigadeiro para enrolar. Fui em uma festa um dia e vi um pote grande, cheio de colher. Achei aquilo incrível e tive a ideia de começar a vender em potinhos, o que virou a sensação do momento. A loja virou uma verdadeira “brigadeirolândia”, com pessoas perguntando as horas que sairiam para comerem quentinhos. O sucesso foi tanto que registrei o “De colher”, que muitas marcas depois acabaram pegando como referência”, conta.

Carole começou a comercializar brigadeiros para comer em potinhos e registrou a marca “de colher” / jr.Estruc

O ponto de partida do sucesso estava dado. A partir daí, bolos de brigadeiro e outros recheios começaram a fazer sucesso. Ela também foi responsável por trazer a ideia de cupcake ao Brasil, além de criar os panetones recheados. Mergulhava em livros e títulos relacionados à arte de fazer doces e se diferenciava em tudo o que propunha.

Começou a ser chamada para participar de programas de televisão e até para interpretar como ela mesma em novela. Sem ter estudado de fato confeitaria, mas com muita pesquisa e mão na massa, acertando e errando, chegou à fórmula perfeita de seus produtos.

Os casamentos

Em uma das visitas à loja, uma de suas clientes, que amava seus chocolates, pediu à chef para que ela fosse a responsável por fazer doces para o seu casamento. Carole não tinha experiência com isso, mas logo pensou em fazer algo diferente: bombons com as iniciais dos noivos estampadas, o que também virou uma febre à época.

“Logo em seguida, outra amiga me pediu para fazer o casamento dela. Até cheguei a negar, mas ela insistiu. Então, fui estudar de novo. Na época, tinham duas marcas muito tradicionais no mercado, mas naquela época não era como hoje, que você encontra todas as receitas na internet. Pesquisei muito sobre a doçaria portuguesa, à base de ovos, sobre a brasileira, na parte de cocadas e brigadeiros, comecei a reduzir minhas tortas em mini porções e criava caixinhas com muitas opções. Sem falsa modéstia, nasceu ali uma maneira nova de pensar em doces de festa que foi um sucesso”, relembra com orgulho.

Carole Crema pesquisou muito e criou tendências quando o assunto foi doces de casamentos. Suas caixinhas de bombons sortidos fazem sucesso até hoje em sua loja / Divulgação

O boca a boca foi tão grande que Carole teve de dedicar parte da sua empresa apenas para casamentos. No auge, chegava a fazer mais de 20 casamentos por fim de semana, produzindo cerca de 100 mil doces – além de sua loja, que continuava a todo vapor.

Mais de 50 funcionários faziam parte de sua equipe. Um de seus auges, segundo ela, foi quando foi convidada para a edição do “Salão do Chocolate”, a única que aconteceu no Brasil, como representante brasileira. Se viu ao lado de chefs renomadíssimos e essa oportunidade confirmou mais uma vez que estava no caminho certo.

O “boom” dos casamentos passou, mas a marca ficou e a cada ano a chef se reinventa. Em 2017, Carole mudou novamente o nome da loja. Dessa vez, para o que deveria ser desde o início, apenas: Carole Crema.

Fachada da loja de Carole Crema em 2022. Espaço se transformou ao longo das décadas / Divulgação

20 anos e mais trabalho: o momento atual

A ideia de que trabalharia menos tendo seu próprio negócio realmente era uma ilusão. Carole acorda todos os dias cedo, e se não está na fábrica – desenvolvendo e testando receitas ao lado de sua incansável equipe -, está na loja, acompanhando todas as vendas de perto.

Lançou para a Páscoa deste ano mais de 20 sabores de ovos. O crock matine, com casca de chocolate ao leite com recheio trufado de chocolate branco e creme crocante de Ovomaltine, ficou em terceiro lugar na categoria “ovos de colher”, da tradicional degustação da CNN Viagem & Gastronomia deste ano. A expectativa é que até a Páscoa sejam vendidos 25 mil ovos.

Ovo crock matine ficou em terceiro lugar na degustação da CNN Viagem & Gastronomia / Divulgação

Além das delícias vendidas diariamente em sua loja – que permanece no mesmo local há duas décadas – a chef presta consultorias e fornece sobremesas exclusivas para redes de restaurantes e food service, como a Lanchonete da Cidade, Brás e Havana.

Conciliando com sua vida de empresária, já escreveu três livros: é autora de “O Mundo dos Cupcakes” (Ed. DBA), “Família na Cozinha” (Matrix) e coautora de “400g Técnicas de Cozinha” (Ed. Cia. Nacional). Além disso, é jurada de um programa de televisão em um canal fechado e tem uma coluna em uma rádio. E acreditem: ainda acha tempo para dar aulas. É professora na Escola Wilma Kövesi de Cozinha.

A chef hoje é jurada de um programa de televisão e sonha em ter um só seu / Divulgação

Ao comemorar 20 anos de história como empreendedora e chef-referência na confeitaria brasileira, ela revela dois
segredos que tornaram a marca Carole Crema um negócio bem-sucedido: a presença diária em todas as frentes do negócio – das compras à organização de estoque, ela faz tudo – e o relacionamento constante com clientes e
consumidores finais, para saber o que o público realmente quer.

Tem um terceiro segredinho que pode ser encarado como defeito por muita gente: Carole não sabe dizer não. Mas talvez isso tenha feito com que ela aceitasse diversos desafios que acabaram tornando-se receitas de sucesso ao longo de sua trajetória.

Questionada se faria algo diferente, olhando para seus 20 anos de carreira, Carole garante que não mudaria nada, que tudo o que passou a fez chegar onde está: “Me deixe aqui como está que está maravilhoso”.

Carole com a “mão na massa” com um de seus funcionários. Chef faz questão de estar presente em sua fábrica, acompanhando de perto todos os processos / Arquivo pessoal