Um roteiro por São Paulo inspirado na Semana de Arte Moderna de 22

No centenário do mais importante movimento artístico do século 20, que tal um roteiro modernista para celebrar a data visitando os principais museus pela cidade?

Theatro Municipal de São Paulo foi o palco das atividades da Semana de Arte Moderna de 22, mas artistas também frequentavam outros lugares da cidade
Theatro Municipal de São Paulo foi o palco das atividades da Semana de Arte Moderna de 22, mas artistas também frequentavam outros lugares da cidade Wikimedia Commons

João Luiz Sampaiocolaboração para o Viagem & Gastronomia

Por uma arte do futuro, contra os passadistas. Com esse lema, a Semana de Arte Moderna de 1922 mudou os panoramas da arte brasileira, reunindo Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e tantos outros artistas que se tornariam símbolos da criação brasileira.

A Semana foi realizada no Theatro Municipal de São Paulo, um dos prédios históricos ligados ao evento que podem ser visitados. O roteiro modernista na cidade também inclui uma série de museus, que abrigam obras exibidas em 1922. Confira as dicas do CNN Viagem & Gastronomia e não deixe de conferir a programação dos destinos nos sites ou redes sociais.

Theatro Municipal de São Paulo

Inaugurado em 1911, o teatro conta com uma arquitetura inspirada em casas de ópera europeias. Da Europa vieram também os materiais para sua decoração interna. Foi construído pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, responsável por diversos prédios que, no início do século 20, buscavam dar ares de modernidade à cidade, que vivia um período econômico fértil por conta da cultura cafeeira.

Uma série de eventos serão realizados durante fevereiro para celebrar os cem anos da Semana de Arte Moderna. E é possível também visitar o espaço, que oferece visitas monitoradas diariamente.

Aproveite para fazer um tour pelo Municipal na série de podcasts da CNN sobre a Semana:

“A semana que não terminou” durou, na verdade, apenas três dias. O segundo episódio leva o ouvinte a revisitar as 100 obras expostas no saguão do Theatro Municipal de São Paulo e as conferências apresentadas no palco e nas escadarias, relembrando as impressões da crítica e da imprensa na época.

 

Casa Mário de Andrade

O escritor mudou-se para a residência, localizada na rua Lopes Chaves, na Barra Funda, em 1920 e lá viveu até morrer, em 1945. Na verdade, são três casas, onde moraram a mãe, o irmão e o próprio Mário de Andrade.

Na maior delas, funciona a Casa Mário de Andrade, que tem alguns objetos do escritor, como o piano em que dava aulas de música para complementar sua renda. Lá também são realizados cursos (atualmente remotos por conta da pandemia) e exposições.

 

Casa Guilherme de Almeida

Localizada no bairro de Perdizes, a casa é dedicada à memória do poeta que esteve desde o início ligado ao grupo que realizaria a Semana de Arte Moderna. Lá ele viveu por mais de trinta anos, até sua morte em 1979.

O acervo é formado por obras de arte ligadas ao modernismo, dadas a Guilherme de Almeida por artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret (dele, está exposta a escultura Soror Dolorosa, de 1920, exposta durante a Semana de 1922).

 

Museu Lasar Segall

O artista lituano que se radicou no Brasil não participou da Semana de Arte Moderna. Mas suas obras, expostas no país pela primeira vez nos anos 1910, fizeram a cabeça dos modernistas pelo modo como incorporavam novidades das vanguardas europeias.

No Museu, é possível ver criações do artista, doadas por seus filhos e netos, assim como há também exposições dedicadas à arte contemporânea. A programação inclui ainda sessões de cinema e diferentes cursos sobre arte.

 

Museu de Arte de São Paulo (Masp)

A coleção do museu tem algumas obras marcantes de artistas ligados à Semana de Arte Moderna, como o quadro “A estudante”, de Anita Malfatti. Obras da artista também podem ser vistas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Além de peças de seu acervo permanente, o museu também realiza exposições temporárias dedicadas a artistas e temas contemporâneos.

 

Museu de Arte Contemporânea da USP

Obras de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e John Graz podem ser vistas nas exposições permanentes do museu. Também há criações de Cândido Portinari, destaque da chamada segunda geração modernista.

O acervo oferece a oportunidade também de conhecer a produção contemporânea e os desdobramentos do trabalho das vanguardas do início do século 20 na criação de artistas de todo o mundo.

 

Pinacoteca do Estado de São Paulo

Com uma das principais coleções de arte brasileira do país, a Pinacoteca está expondo, por conta das celebrações pelo centenário da Semana de Arte Moderna, 134 obras de autoria de artistas ligados ao modernismo.

Um dos destaques é a estátua Cabeça de Mulher, de Victor Brecheret, que foi exibida no Theatro Municipal em 1922.

 

Centro Cultural Fiesp

A exposição “Era uma Vez o Modernismo” traz cerca de quatrocentos itens, entre quadros, desenhos e documentos ligados à Semana de Arte Moderna.

Obras de Tarsila do Amaral e Anita Malfatti são os destaques, assim como cartas trocadas entre elas e Mário de Andrade e entre o escritor e o poeta Manuel Bandeira.

 

Museu Afro Brasil

A partir do dia 25 de fevereiro, o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera exibe a exposição “Esse Extraordinário Mário de Andrade”.

Com curadoria de Emanuel Araújo, a mostra pretende mostrar as contribuições de Mário de Andrade para a cultura brasileira, com destaque para as viagens que ele realizou para investigar o folclore do país.

 

Sala São Paulo

A casa da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo realiza ao longo de toda a sua temporada 2022 uma série dedicada à interpretação de obras de Heitor Villa-Lobos.

Os concertos também resgatam peças de compositores brasileiros que foram influenciados pelas ideias da semana, em diálogo com criações de autores que, na Europa e nos Estados Unidos, realizavam experimentos vanguardistas.