Vida e obra do arquiteto Artacho Jurado são temas de exposição em São Paulo

Nome por trás de projetos que são verdadeiros marcos para a cidade, como os edifícios Bretagne, Louvre e Viadutos, profissional autodidata ganha exposição que ilumina sua história e revela croquis e processos

Edifício Viadutos na região central de São Paulo (Foto: Jcornelius/Wikimedia Commons)

Se você mora em São Paulo ou já visitou a cidade deve ter ouvido falar sobre os prédios icônicos que “moram” por aqui, desenhados por arquitetos renomados, que deixaram suas marcas, ou melhor, seus traços arquitetônicos desenhados pela capital. Edifício Bretagne, Cinderela, Louvre, Piauí, Planalto, Viadutos são algumas das construções que devem estar no roteiro turístico de moradores, turistas, estudantes e amantes de arquitetura e urbanismo não só pelas suas magnitudes arquitetônicas, traçados históricos, mas também pela saudação ao arquiteto que as projetaram: João Artacho Jurado.

Edifício Louvre, no centro de São Paulo (Foto: Gabriela Duarte)

No data que celebra 114 anos de seu nascimento, 4 de setembro, a Galeria da Cidade – área expositiva da Escola da Cidade, que inaugurou em 2018 uma galeria dedicada a exposições de arquitetura – abre as portas da exposição Artacho Jurado no Desenho da Cidade, sobre o arquiteto autodidata que projetou e construiu marcos da São Paulo moderna. Avesso aos códigos rígidos do modernismo corrente na época, Jurado desenvolveu um estilo próprio, com detalhes requintados e muitas cores, além de criar espaços generosos. Graças à sua linguagem extrovertida, foi comparado, pelo crítico Décio Pignatari, ao arquiteto catalão Antoni Gaudí.

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Nos desenhos originais, investigativos e de processos de criação de Jurado, é possível observar sua preocupação com o modo de trabalhar texturas, tratar superfícies, usar paletas de cores e fazer composições espaciais. Os desenhos se assemelham mais a estudos de cenografia, distanciando-se das investigações arquitetônicas que concebem o espaço segundo estruturas, pilares e vigas.

Croqui do Edifício Bretagne
Croqui do Edifício Bretagne (Foto: Divulgação)

Enquanto ele projetava os edifícios com seus ornamentos – peças exclusivas de mobiliário, de luminárias etc. – os preceitos da arquitetura moderna da época iam na contramão desses seus principais diferenciais e ditavam que “menos é mais”. Por isso, foi atacado pelos intelectuais, mas ovacionado pelos moradores, paulistanos e turistas.

A Sala Rosa da exposição traz um mapa afetivo da região central de São Paulo, com traçados que
revelam uma memória identitária urbana, com pontos sensíveis à experiência efêmera do cotidiano da cidade.  A partir de um percurso traçado a pé, começando pelo edifício Planalto, na região da República, e terminando no Bretagne, em Higienópolis, foram recolhidas impressões, sentimentos, histórias e experiências pessoais para desenvolver um percurso gráfico.

Assim, a proposta interativa da Sala, e da exposição como um todo, é um convite para se perder e se reencontrar na própria cidade e redescobrir a história da região por meio da vida e dos edifícios deste arquiteto que ajudou a colorir a cidade.

Artacho Jurado no Desenho da Cidade
De 4 de setembro a 31 de janeiro de 2022
Entrada gratuita
Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 10h às 12h e das 14h às 17h
Local: Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Endereço: Rua General Jardim, 65, Centro – São Paulo