Lençóis Maranhenses: Barreirinhas e Atins, paraísos em meio às dunas

Além das lagoas cristalinas e grandes montes de areia, região guarda maravilhas gastronômicas, culturais, passeios radicais e um povoado acolhedor

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia

O maior campo de dunas da América do Sul é espetacular nos mínimos detalhes. Os morros de areia desenhados pelo vento formam um deslumbrante mosaico da natureza, assim como as águas das lagoas entre as dunas, de cores turquesa e esmeralda, emocionam e refrescam quem se aventura por ali, criando uma paisagem única no mundo.

Mas visitar os Lençóis Maranhenses vai muito além disso: para as filmagens do CNN Viagem & Gastronomia: Paraíso Exclusivo*, atravessei rios, me banhei no mar, mergulhei de cabeça na cultura local e de quebra experimentei os sabores peculiares desta região, atividades quase que obrigatórias para além dos limites do Parque Nacional. E uma das principais portas de entrada para desfrutar os Lençóis, talvez a mais conhecida entre elas, é a cidade de Barreirinhas, a cerca de 260 km de São Luís e a 100 km de Santo Amaro.

Dá para notar que o município é o que tem mais estrutura e reúne o maior burburinho ao redor dos Lençóis, afinal entrou para o circuito turístico há cerca de 30 anos. São aproximadamente 60 mil habitantes, mais de 70 pousadas, 50 restaurantes e várias agências de excursões, o que faz dele uma base importante para se curtir os Lençóis. Não é a cidade mais perto do acesso à área de preservação ambiental, nem a mais charmosa, mas é a que concentra a melhor estrutura turística. É um lugar simples, mas muito acolhedor.

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Em seus limites, Barreirinhas ainda abriga várias comunidades tradicionais maranhenses que transpiram uma rica cultura regional. São locais onde artesãos desenvolvem lindos trabalhos com a fibra do buriti, como na comunidade do Marcelino, ou onde fazem farinhas de mandioca, como o povoado de Tapuio.

Há também, no caminho do rio Preguiças, o vilarejo de Mandacaru, vila de pescadores entre a praia de Caburé e a praia de Atins. É o mais antigo povoado ribeirinho da região, em que as famílias utilizam a pesca e a agricultura como sustento. Por fim, Atins, que fica entre o curso d’água e o mar, é a mais badalada e que concentra pousadas e restaurantes que merecem a visita. Entre minhas andanças, percebi que Lençóis é feito de somas e não de escolhas: quanto mais lugares puder visitar, mais feliz você será.

A charmosa Atins

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Daniela Filomeno em Atins, encantadora vila com ruas de areia e próxima ao Oceano Atlântico (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

A vila de Atins é um capítulo à parte, imperdível de se conhecer, podendo ser definida como um lugar “mágico”. A vida simples do interior do Maranhão dá as caras e carrega todo o charme do vilarejo: pequenas ruas de areia e de terra batida, casas rústicas e vegetação rasteira junto de coqueiros ditam o tom por ali. Localizado em uma das extremidades do Parque Nacional, uma das melhores maneiras de se chegar a Atins é via voadeira, lancha baixa e rápida que percorre o rio Preguiças.

É também endereço do encontro entre a foz do rio Preguiças e o Oceano Atlântico, que formam uma paisagem única e espetacular. Seu entorno é rodeado por dunas, praias e lagoas de águas cristalinas. No centro, anda-se de quadriciclo pelas ruas e o programa mais recomendado é explorar as lojinhas e restaurantes.

Antiga base de pescadores, Atins é um dos lugares mais descolados dos Lençóis. A comida é boa, o lugar é alegre, o povo é gentil e as paisagens são exuberantes, tudo na maior simplicidade de um vilarejo. Os ventos fortes colocam essa porção de terra e mar como um dos locais mais indicados para a prática de kitesurf, esporte aquático feito com uma prancha e uma pipa. Pela praia e na foz do rio, não é difícil encontrar também a prática de stand up paddle e caiaque.

Para amantes da boa gastronomia, da natureza e ainda para aqueles que não abrem mão de uma boa estrutura de pousadas, Atins é o lugar certo.

Pequenos Lençóis

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Daniela Filomeno em passeio de quadriciclo em Vassouras, nos Pequenos Lençóis (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

Nem só de enormes dunas são feitos os Lençóis. Próximo a área de proteção ambiental do Parque Nacional e do rio Preguiças fica o que é chamado de Pequenos Lençóis, grupo de dunas e lagoas em escala reduzida. Eles estão entre os municípios de Tutóia e Paulino Neves e uma das maneiras de chegar por ali é por meio de voadeira pelo rio Preguiças, que leva a povoados da região.

Um desses povoados é Vassouras, vilarejo de pescadores conhecido como a terra dos macacos-prego devido a abundância deles em suas árvores. Os montes de areia dali são propícios para passeios de quadriciclo, em que aventura é feita por dunas íngremes e regiões alagadas. É emocionante!

A praia de Caburé, próxima à foz do rio Preguiças, também fica na região dos Pequenos Lençóis. Caracteriza-se por uma estreita faixa de areia entre o rio do mar, um cenário excepcional. A praia é lar de alguns pescadores, mas tem ficado cada vez mais deserta, abrindo espaço para os turistas desbravarem o local.

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O que fazer pela região

Circuito da Lagoa Bonita

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Daniela Filomeno ao entardecer no Circuito da Lagoa Bonita (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

O nome já diz tudo e não decepciona: o Circuito da Lagoa Bonita é imperdível de se visitar. A lagoa principal é a estrela de um passeio pelas dunas que dura até três horas a partir da locomoção em carros 4×4, onde uma das paradas é um mirante em uma duna de mais de 60 metros. A dica é subir o banco de areia, com a ajuda de uma escada, em que todo o esforço é recompensado pelo visual incrível que se tem dos Lençóis lá do alto. Na volta, os visitantes podem andar pelo areal e se refrescar nas águas das lagoas, como a da Bonita. O dia termina com um pôr do sol, espetáculo da natureza, com o sol brilhando fortemente e beijando a imensidão das dunas ao fundo.

Circuito da Lagoa Azul

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Daniela Filomeno se refresca na Lagoa Esmeralda, uma das mais bonitas dos Lençóis e parte do circuito (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

Outro clássico de Barreirinhas, o Circuito da Lagoa Azul parece nome de filme da Sessão da Tarde, e, de fato, é cinematográfico. Também é uma excursão de meio-dia, que pode ser feita logo cedo ou à tarde, para aproveitar o pôr do sol. Há até quem combine esse passeio com o da Lagoa Bonita – vai do fôlego de cada um. O primeiro ponto de parada é a Lagoa Azul, que é majestosa e de uma linda coloração, em que vários peixinhos ficam a sua volta dentro da lagoa. Vários deles ficaram perto de mim, deixando a água até mais escura por conta da grande quantidade deles. Vale lembrar que as águas dali não são geladas nem quentes, mas sim refrescantes!

Há paradas também em outras lagoas bem conhecidas, como da Preguiça, da Paz, do Carcará, dos Toyoteiros e da Esmeralda. Esta última é uma das mais especiais para mim: rasa e sem vegetação, ela possui uma cor esmeralda que hipnotiza, misturando o azul da borda com o verde esmeralda no centro.

Rio Preguiças e povoados

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Lanchas às margens do rio Preguiças, curso d’água super importante para a cidade de Barreirinhas (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

Barreirinhas é intimamente ligada ao Preguiças. É em suas margens que ficam os principais restaurantes, por exemplo. E sempre que se vai visitar o Parque Nacional a partir da cidade, é preciso atravessá-lo em balsas. Assim como eu, quem quiser conhecer bem a região deve separar ao menos um dia para explorar o rio, cujo nome vem do bicho-preguiça, abundante por ali, e que foi, por muitos anos, a única via de acesso à cidade.

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Macaco-prego em Vassouras, que domina as árvores do vilarejo (Foto: CNN Viagem & Gastronomia)

Uma das maneiras mais populares de se conhecer o rio é através do passeio de voadeira, lancha baixa e bem rápida, que serpenteia em alta velocidade as águas e te leva a povoados da região. No de Vassouras, por exemplo, a graça é ver a interação com os macaquinhos, que se sentem os donos do lugar. Ali ficam os Pequenos Lençóis, um grupo de dunas e lagoas em escala reduzida.

A parada seguinte é no povoado Mandacaru, o mais antigo vilarejo ribeirinho da região e onde há um farol. Quando ele está aberto à visitação, é possível subir 160 degraus e chegar no topo, de onde se tem uma vista espetacular para o curso do rio a mais de 54 metros de altura. Mais adiante, chega-se ao vilarejo de Caburé, onde, como uma poesia, o Preguiças finalmente encontra o mar. Esta é a parada mais longa, com tempo suficiente para aproveitar as praias (fluvial e oceânica), almoçar nos restaurantes da antiga vila de pescadores e até mesmo fazer um passeio de quadriciclo. Caburé é também o ponto de conexão para quem quer seguir viagem para Atins.

Revoada dos Guarás

É um dos espetáculos mais bonitos dos Lençóis, que acontece em Atins. De cor avermelhada, o guará é uma ave típica do litoral atlântico da América do Sul, em que se reproduz principalmente em áreas de mangue. É no final da tarde que, em bando, eles colorem o céu do vilarejo com seu voo. O melhor ponto para observar as aves é na foz do rio Preguiças.

Flutuação Rio Formiga

A excursão pelo rio Preguiças é marcada pela velocidade da voadeira, pelos povoados às suas margens e pela adrenalina do quadriciclo. Mas o rio Formiga guarda uma experiência diferente. Em suas águas é feita a flutuação, em que se fica em cima de boias para relaxar enquanto a leve correnteza te carrega. O passeio, também chamado de Boia Cross, é feito no povoado da Cardosa, afastado do centro de Barreirinhas, e dura aproximadamente quatro horas, incluindo ida e volta e o tempo de descida pela correnteza do rio, de cerca de uma hora.

Povoados de Marcelino e Tapuio

Em meio ao rio Preguiças, dois povoados bastante autênticos são ideais para passeios culturais pela região. Em Marcelino, a atração é o artesanato feito com a fibra do buriti, palmeira típica dali aproveitada por inteira – seu fruto também é muito consumido pelos locais. Em Tapuio, os visitantes aprendem tudo sobre a fabricação de farinha de mandioca artesanal.

A primeira parada costuma ser em Tapuio, mais perto do centro de Barreirinhas. Lá, a grande atração é a Casa da Farinha, onde se processa esse produto da mandioca. Os moradores explicam todo o processo, desde o plantio e colheita da raiz até os cuidados no preparo.

Após mais 40 minutos de navegação rio acima, a lancha chega a Marcelino, conhecida pelos artesãos que trabalham com a fibra de buriti. Durante a visita, aprendemos como é retirado o linho da fibra do buriti, como o material é tingido com ajuda de corantes naturais como urucum e açafrão e como os fios são trançados para virarem bolsas, chapéus, colares, brincos, objetos decorativos, tapetes e mais uma porção de objetos.

*O programa CNN Viagem & Gastronomia vai ao ar todo sábado, às 21h, na CNN Brasil. A CNN está no canal 577 nas operadoras Claro/Net, Sky e Vivo. Para outras operadoras, veja aqui como assistir. Horários alternativos: domingo, às 03h50, 13h10 e 20h40; Segunda-feira, às 01h10. Ou veja a íntegra no nosso canal no YouTube.