De miolos de porco a castor: os momentos mais destemidos de Anthony Bourdain

CNN Brasil vai exibir "Anthony Bourdain", um dos programas de gastronomia e viagem de maior prestígio já produzidos na televisão mundial

Doug Criss, da CNN

Anthony Bourdain durante gravação em 2015
Anthony Bourdain durante gravação em 2015
Foto: David S. Holloway/CNN

A CNN Brasil vai exibir “Anthony Bourdain”, um dos programas de gastronomia e viagem de maior prestígio já produzidos na televisão mundial, a partir das próximas semanas.

“Anthony Bourdain” é uma produção original da CNN americana e entrará na grade de programação do canal brasileiro em breve. Na versão da CNN Brasil, a apresentação será do chef e apresentador André Mifano.

Anthony Bourdain foi muitas coisas. Era também um tipo durão, assumindo ousadamente novas aventuras e desafios.

Aqui estão oito das experiências mais impactantes do falecido apresentador da CNN, que morreu em junho de 2018.

Comendo miolos e sangue na Tailândia

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Experimentando cérebro de porco 

Foto: CNN

Enquanto vagava pela Tailândia, Bourdain não hesitou quando um amigo pediu uma refeição de cérebro de porco em um restaurante. Mas até ele ficou abalado quando descobriu que a refeição incluía uma tigela de lou, basicamente uma sopa feita de sangue de porco cru.

“É como um filme de terror”, disse ele quando a sopa, misturada com pedaços de carne, capim-limão e outras coisas, chegou à sua mesa. “É tipo CSI: Sopa. Parece que estou comendo direto de uma ferida aberta”.

No entanto, ele achou “completamente delicioso” e considerou a refeição de miolos e sangue a melhor que já teve na Tailândia.

Transformando-se em Karatê Kid

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Lição de caratê de Bourdain fica real demais 

Foto: CNN

Enquanto desfrutava de uma refeição em Okinawa, Japão, Bourdain refletiu sobre o produto de exportação mais famoso da cidade, o caratê, e concordou em receber uma lição de um dos verdadeiros mestres da disciplina. Ah, por que ele foi se meter a fazer isso…

A técnica de “mão aberta” empregada pelo professor de Bourdain o deixou se contorcendo no chão. Ele tentou recorrer ao “tap out” (o termo para o lutador que desiste em lutas marciais), mas “eles não sabem o que significa tap out por aqui”.

Jogando o ‘advinha o que você está-comendo’

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Bourdain prova pratos exóticos
Foto: CNN

Bem na época em que “Parts Unknown” estreou há cinco anos, Bourdain apareceu ao vivo na CNN e estava pronto para comer de uma travessa de iguarias colocadas à sua frente – sem saber previamente o que eram.

Em uma sessão ele provou:

pênis de touro (“Não é ruim”),

testículo de peru (“Se você não sabe, não tem problema com isso.”),

pés de porco cozidos no vapor (“Isso é ótimo. Quem não come isso?”),

intestino de ganso ao molho de feijão preto (“Coisa boa. Eu pediria isso em um restaurante.”)

Ele descobriu o ovo com feto de pato antes mesmo de prová-lo (“Não é uma das minhas coisas favoritas na Terra, mas não é tão ruim assim, se você puder passar pelas penas e pelo bico”).

Ele até disse que o arroz frito com vermes era “bom”, mas teve de limpar seu paladar com um gole de vinho em seguida.

Visitando a Líbia em conflito

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Anthony Bourdain viaja para a Líbia  

Foto: CNN

Bourdain e sua equipe atravessaram a Líbia no momento em que o país estava lidando com as consequências da guerra civil e a morte do ditador Muammar Gaddafi. Não foi uma filmagem típica da produção do programa, e manter todos em segurança era fundamental. Eles mudavam de hotel com frequência, ficavam fora das redes sociais e usavam jovens membros de uma milícia como guarda-costas.

Uma viagem às ruínas do antigo palácio de Gaddafi em Trípoli rendeu o momento mais tenso do episódio (talvez o mais tenso de toda a série) quando homens armados apareceram e impediram a filmagem. Mas Bourdain ainda conseguiu visitar um museu de guerra, curtir a cena gastronômica italiana do país e compartilhar uma refeição com um ex-combatente pela liberdade em uma imitação do KFC chamado Tio Kentaki. O resultado da viagem, segundo ele, acabou sendo o melhor trabalho que ele já havia feito.

Filmando em Jerusalém, Gaza e Cisjordânia

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O apresentador descobre a comida, a cultura e a política no Oriente Médio

Foto: CNN

Anthony Bourdain evitou assuntos polêmicos quando foi ao Oriente Médio para verificar a comida, cultura e política de Israel, Gaza e Cisjordânia. Parecia impossível fazer um programa sem marcar posição para um lado ou outro, mas ele conseguiu. Embora tenha filmado a maior parte desse episódio em Jerusalém, Bourdain também passou algum tempo em Gaza, um lugar que poucos ocidentais visitam. O chef e apresentador notou a extensa rede de segurança local, mas também ficou feliz que o episódio, por meio de comidas e conversas, pôde apresentar uma visão dos palestinos que não se restringia a “mulheres chorando e homens jogando pedras”.

Virando Mad Max e bebendo sangue de vaca no Quênia

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 No Quênia com W. Kamau Bell
 Foto: CNN

Uma viagem para o Quênia mostrou outro apresentador da CNN, W. Kamau Bell, empunhando uma espingarda com Bourdain. Depois de fazerem um safári e refletirem sobre o legado do colonialismo no topo de uma colina, os dois pegaram uma carona no “Mad Max”, um dos micro-ônibus particulares usados por muitos que dependem de transporte público em Nairóbi. Os ônibus são decorados com luzes piscantes, têm música bombando e (às vezes) até dançarinos pelo corredor central. Bourdain o chamou de “um ônibus festivo pós-apocalíptico, capaz de dar convulsões. Exatamente o que você precisa depois de um dia duro de trabalho”.

Bourdain e Bell também provaram algumas iguarias quenianas, como beber sangue de vaca durante uma visita a uma aldeia massai. Ah, e a reação de Bell ao comer um olho de cabra da sopa (feita com a cabeça do animal) que Bourdain ofereceu a ele? Impagável.

Reprimindo o ‘turismo excessivo’ de Bali

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O turismo excessivo está trazendo desperdício e trânsito a Bali 

Foto: CNN

Anthony Bourdain, que falava muito sobre não ser um mau turista, soltou o verbo ao abordar os efeitos nocivos do “overtourism” ou “turismo excessivo” na ilha indonésia de Bali.

“Por peso, quanto lixo é gerado por uma pessoa durante as férias?”, meditou num momento de relaxamento ao lado de uma piscina, bebida na mão, em um dos muitos resorts da ilha paradisíaca, enquanto os turistas brincavam. “Olhe ao redor. Faça as contas.”

O assunto voltou à tona mais tarde, quando Bourdain compartilhou uma refeição com um instrutor de ioga local, que pesou os lados bom e mau do turismo em Bali. O boom do turismo abençoou o instrutor com muitos clientes (300 a 400 pessoas por dia), mas ele lamentou todo o lixo e o trânsito que isso trouxe.

“Você tocou num ponto que muitas pessoas não mencionam”, respondeu Bourdain. “Se você vem para uma Bali que se parece exatamente com Cancún e Miami, por que entrar em um avião?”

Tentando algo novo em Quebec

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Esta comida é algo novo para Bourdain 

Foto: CNN

Uma jornada ao deserto canadense rendeu a Bourdain a oportunidade de provar um dos poucos alimentos que ele nunca havia experimentado: castor.

A carne foi servida em um molho espesso e pesado (“quase parece chocolate, de tão rico”) com legumes.

Qual foi o veredito? Ele brincou dizendo que tinha gosto de frango.

Mas é claro que sim.

(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).